Do Globo —Uma ala do União Brasil formada por egressos da direção do antigo DEM pedirá ainda nesta sexta-feira a impugnação da filiação do ex-juiz Sergio Moro ao partido. A decisão é uma reação à declaração do ex-magistrado de que “não desistiu de nada”.
— Vamos apresentar, ainda hoje, um requerimento de impugnação da filiação dele. Será assinado pelos 8 membros com direito a voto no partido, o que corresponde a 49% do colegiado. A filiação, uma vez impugnada, requer 60% para ter validade — declarou o secretário-geral do União Brasil, ACM Neto.
O grupo é o mesmo que na quinta-feira havia soltado uma nota em que deixavam “claro que o eventual ingresso (de Moro) ao União Brasil não pode se dar na condição de pré-candidato à Presidência da República”.
Assinavam a nota ACM Neto, o ex-senador José Agripino Maia, o deputado Efraim Filho (PB), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, a deputada Professora Dorinha (BA), o ex-ministro Mendonça Filho, o senador Davi Alcolumbre e o prefeito de Salvador, Bruno Reis.
Questionado pelo GLOBO ainda no hotel onde fez o seu pronunciamento sobre a decisão da ala do União Brasil de apresentar a impugnação da sua filiação, Moro não respondeu.
Pessoas próximas ao ex-ministro disseram que o pedido de impugnação não preocupa em nada e que é apenas um ato político da ala conduzida por ACM Neto.

Candidatura em risco
A perspectiva de uma desfiliação ao longo dos próximos dias coloca em risco a própria possibilidade de que Sergio Moro se candidate nas eleições de outubro – para a presidência ou qualquer outro cargo.
O calendário fixado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prevê que só poderão se candidatar neste ano os cidadãos que estiverem filiados até as 23h59 deste sábado (2).
Com isso, se Moro for expulso do União Brasil e não conseguir reverter a decisão, ou se filiar a novo partido dentro desse prazo, pode ficar impedido pela legislação de lançar candidatura.

Nota oficial gerou confusão
Na quinta, durante as negociações para a filiação de Moro ao União Brasil, a ala do Democratas exigiu que o ex-juiz assinasse o compromisso de não se lançar candidato à presidência da República.
Inicialmente, Moro resistiu. Enviou ao União Brasil uma proposta de nota em que dizia se colocar como um “soldado” do partido – mas não abria mão da pré-candidatura.
A nota foi devolvida a Moro com um recado direto: a renúncia às aspirações presidenciais era condição essencial para que a entrada no União Brasil fosse aceita pelo grupo do Democratas.
Moro, então, aceitou e divulgou a nota oficial – a contragosto.
Nesta sexta, após Moro convocar coletiva e dizer que não havia desistido “de nada”, a ala do Democratas voltou a se manifestar e fez críticas públicas a Sergio Moro. O grupo diz que o ex-ministro não é de confiança, e que rasgou compromisso feito no dia anterior.