EXCLUSIVO, Por Ricardo Antunes – O documento da defesa de Sarí Corte Real apresenta declarações de testemunhas não apenas de defesa, mas de acusação também que comprovariam a tese de que a morte do menino Miguel se deu por uma fatalidade, e não decorrente do possível abandono de incapaz. Uma delas é o ex-Síndico das Torres Gêmeas, Carlos Nobre Filho – testemunha de acusação, que diz ser “imprevisível uma criança acessar aquela área”. Segundo ele, a janela da casa de máquinas do edifício possui até uma altura maior do que a exigida por lei e que o local nunca foi merecedor de qualquer sentimento de insegurança.
Outra testemunha é Eliane, manicure que atendia Sarí no momento, e que compartilhou do mesmo pensamento da cliente, de que ninguém imaginava que o menino pudesse cair após escalar uma parede. “Não passou na minha cabeça. Passou que ele desceria pro, pro hall que é o térreo, que ele poderia subir, mas que ele poderia descer e encontraria a mãe”, disse ela.

A defesa também mostra uma declaração da própria mãe do menino, a empregada doméstica Mirtes Santana, que entrevista à Revista Época defendeu que o menino havia sido empurrado ou jogado, por não acreditar que ele teria escalado o local.
Finalmente, a defesa também menciona testemunhas que confirmam que o filho de Sarí, com a mesma idade, circulava sozinho pelo condomínio, pois havia um “sentimento de segurança”.

Outras declarações trazidas pelos advogados de defesa expõe que são inverídicas as acusações de que a acusada seja racista. “O fato ecoou nos movimentos sociais e inclusive mobilizou artistas, pessoas completamente divorciadas dos autos, que emitiram opiniões alicerçadas em falsas premissas. Tais opiniões, totalmente distorcidas da realidade, ganharam coro e engrossaram o caldo das fake news, fomentando um verdadeiro linchamento virtual que descambou para manifestações de rua cuja pauta principal era o racismo”, diz a defesa.
As declarações expostas garantem que Sarí tratava a mãe e o menino, além da avó, sem qualquer tipo de discriminação. Prova disso seria que Miguel sempre conviveu com os dois filhos de Sarí no Recife e em Tamandaré desde os dois anos de idade, e que a família não era tratada como empregada. Tanto é que dormiam no quarto de hóspedes quando iam à casa de praia, mesmo existindo dependência de empregados na residência.