Da Redação do Blog — A Polícia Federal investiga a venda de presentes oficiais valiosos dados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A investigação aponta que o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, tinha consigo US$ 25 mil em espécie que seriam do ex-mandatário. Cid teria conversando com outro auxiliar de Bolsonaro, Marcelo Costa Câmara, de como seria a melhor forma de entregar o dinheiro ao ex-presidente. Cid sugeriu entregar o dinheiro em mãos, para evitar utilizar contas bancárias. A mensagem foi apreendida pela PF em 18 de janeiro deste ano.
Para os investigadores, a fala mostra que “Mauro Cid deixa evidenciado o receio de utilizar o sistema bancário formal para repassar o dinheiro ao ex-presidente e então sugere entregar os recursos em espécie, por meio de seu pai”.
O pai, o general Lourena Cid, foi um dos alvos da operação da PF deflagrada na manhã desta sexta-feira. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a investigação, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid continua a conversa com Câmara explicando que tentou vender esculturas recebidas por Bolsonaro durante uma viagem oficial ao Oriente Médio, mas não teve sucesso porque elas não eram de ouro.
“Aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (…) Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais detalhada para ver o quanto pode ofertar (…) eu preciso deixar a peça lá (…) pra ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele hoje (…)”, diz Cid na mensagem, segundo a transcrição da PF.
Em seguida, na mesma mensagem, Cid relata a Câmara o procedimento de venda, por meio de leilão, de um kit que conteria um relógio. “O relógio aquele outro kit lá vai, vai, vai pro dia sete de fevereiro, vai pra leilão. Aí vamos ver quanto que vão dar (…)”, disse o ex-ajudante de ordens. Câmara, então, respondeu ao colega, retomando o assunto inicial dos US$ 25 mil: “Melhor trazer em cash”.

Em um só áudio, Mauro Cid cita US$ 25 mil para Bolsonaro
Durante a investigação da Polícia Federal, em um áudio obtido pela investigação mostra o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid falando sobre três temas que comprometem os investigados: a citação a US$ 25 mil supostamente endereçados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, tratativas para a venda de estátuas de palmeira e um barco folheados a ouro, recebidos pela comitiva brasileira durante visita oficial ao Bahrein em 2019, e negociações para levar a leilão um dos kits recebidos na Arábia Saudita com relógio e joias masculinas.
A PF deflagrou uma operação contra pessoas ligadas a Bolsonaro suspeitas de tentar e até mesmo vender presentes recebidos por integrantes do governo durante viagens oficiais. Os crimes apurados na operação são lavagem de dinheiro e peculato (desvio de bem público).