Um grupo de policiais militares de São Paulo é suspeito de comandar um esquema de venda ilegal de escoltas que garantia livre acesso de contrabandistas de cigarros do Paraguai por rodovias do estado.
Segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público, estima-se que o esquema criminoso possa envolver cerca de 300 policiais, incluindo agentes rodoviários de outros estados e, também, da Polícia Rodoviária Federal.
Entre os serviços vendidos pelos PMs está a escolta com batedores. Os policiais seguiam à frente dos comboios de caminhões carregados com cigarros para avisar ao bando sobre a eventual presença de patrulhas rodoviárias pelo caminho e aliciar os colegas interessados em participar do esquema para fazer vistas grossas, afirma a denúncia.
Ainda de acordo com a investigação que culminou na denúncia, outros integrantes da ação repassavam informações sobre a posição das equipes do tático rodoviário, conhecidas como TOR, que ofereciam mais risco de abordagem aos contrabandistas.
Os policiais honestos chegaram a esconder nas unidades de policiamento as escalas de serviço do TOR para evitar o sucesso do esquema.
Parte da quadrilha foi descoberta em investigação da Corregedoria da Polícia Militar iniciada em outubro de 2017 e concluída no final do ano passado com a prisão de seis PMs que trabalhavam nas regiões de fronteira do estado.
As prisões aconteceram após uma série de interceptações telefônicas nas quais os policiais suspeitos trocavam informações sobre o crime.
Durante a apuração, também houve quebra de sigilo fiscal e bancário dos policiais suspeitos e de familiares, o que possibilitou mapear o dinheiro obtido pelo bando.
No processo que corre pela 1ª Auditoria do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo, dois deles confessaram o crime, um em troca de delação premiada. Um deles é o sargento Hamilton Cardoso de Almeida, considerado um dos chefes do esquema.