*Por André Beltrão – O pleito para a eleição da nova diretoria da OAB/PE acontecerá no próximo dia 18 de novembro e entre as duas chapas que protagonizam a preferência da advocacia pernambucana destaca-se a possibilidade de uma espécie de Fla x Flu com um lado a chapa Renovação Experiente protagonizada por duas mulheres Ingrid Zanella e Schamkypou Bezerra. E do outro lado a chapa Renovação liderada por Almir Reis e Fernanda Resende.
Chama a atenção a tentativa da chapa da situação em colar na popularidade do candidato da oposição até na escolha do nome da chapa, porque o que seria uma “renovação experiente” um nome que remete ao continuísmo, a mesmice e a falta de alternância de grupos políticos no poder?.
E desde quando isso é razoável?! Qualquer defensor da democracia entende a necessidade dessa aclamada alternância para permitir oxigenação das instituições, afinal quais as razões que norteiam a briga fratricida para preservar o poder? O orçamento milionário da ordem dos advogados do Brasil seccional Pernambuco? O prestígio oriundo dos cargos na diretoria e com eles a possibilidade de captação de clientela e majoração dos honorários?
Porém, porque grande parte da advocacia local não vibra com a possibilidade de vitória de duas mulheres – inclusive advogadas reconhecidamente feministas e com atuação em causas em favor dos direitos das mulheres – tem demonstrado desaprovação ao nome de ambas as candidatas. Será que a apatia se deve ao fato do papel que ambas desempenharam na manutenção dos privilégios da cota favorável aos homens na eleição do quinto constitucional quando não desempenharam nenhum esforço para defender uma lista verdadeiramente paritária em favor de condições verdadeiramente igualitárias para as mulheres candidatas ao cargo de desembargadoras?

Ou será que a antipatia e a frieza que o nome de Zanella e Bezerra despertam deita raízes no fato de que a primeira é uma advogada que sempre atuou em grandes escritórios e, que não contempla em sua atuação a advocacia precarizada, pauperizada ou militante.
Zanella é considerada por grande parte dos funcionários da entidade como arrogante e de difícil trato o que não a faz popular entre eles. Essa imagem de arrogância elitista também são fatores que a desabonam e tornam impopular entre os seus pares.
Enquanto a segunda tem se especializado em explorar o ramo dos cursinhos preparatórios para o exame de ordem, o que causa mal-estar e estranheza em grande parte da advocacia na escolha de uma vice-presidente com acesso a informações privilegiadas manter um negócio que “venda” o acesso ao exercício da advocacia um limite muito tênue e pouco favorável a eticidade da função pretendida na instituição.
Outro fator que desabona o nome de Schamkypou são os processos movidos pela mesma em parceria com a mãe também advogada que penalizam um colega advogado de quase 100 anos, que notadamente não é responsável pelo ativo do grupo João Santos, mas que ambas insistem em constranger e retirar nacos da aposentadoria do colega tornando a subsistência do mesmo um enorme desafio.

A inauguração do comitê de ambas foi uma das cenas mais constrangedoras para a advocacia, funciona numa ex-boate num privilegiado endereço na Domingos Ferreira, contando a época do evento com mais de 20 manobristas fardados e de luvas brancas numa verdadeira ode ao mau gosto, no pior do estilo senhorial de donas de engenho contemporâneas, que demonstra uma distância gigantesca de grande parte da advocacia empobrecida e, que trabalha por oito reais por peça processual e que complementa seu orçamento fazendo Uber e vendendo Avon.
Nem toda experiência é sinônimo de expertise, às vezes a mesmice é somente a manutenção de privilégios, o que não atende a necessidade de uma advocacia que precisa de uma entidade forte e dedicada ao fortalecimento da categoria e ao combate da exploração de grande parte da advocacia precarizada, escravizada e degradada pelos grandes escritórios que não desejam dividir seus lucros ou respeitar a dignidade laboral dos seus contratados.
*Por André Beltrão, jornalista e analista político.