*Por Francisco Leali – Virou contagem regressiva. A questão agora é quando. Com a prisão do general Walter Braga Netto , ex-ministro e ex-vice-presidente na chapa perdedora em 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro se torna o próximo alvo na lista de pessoas sob investigação sob tutela do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O motivo da prisão de Braga Netto foi que ele supostamente agiu para prejudicar a investigação. Esse é geralmente o argumento legal que recebe menos questionamentos. Se um indivíduo sob investigação realmente age para destruir evidências ou impedir o acesso a elas, a lei é clara: um mandado de prisão preventiva é justificado.
Um relatório da Polícia Federal afirma que Braga Netto tentou obter detalhes da delação premiada de Mauro Cid ligando para seu pai, o também General Cid . Ainda que seja uma tentativa séria de obter informações de uma investigação sigilosa pressionando parentes de testemunhas, os apoiadores de Bolsonaro dirão que isso é apenas mais uma peça de jogo político/jurídico. Para eles, a investigação da tentativa de golpe está manchada por um certo voluntarismo por parte do Ministro Moraes.

Esse tipo de reação está frequentemente presente no meio político quando ele deixa de ser apenas um político e passa a ser alvo de uma investigação. Dizer-se vítima de perseguição também foi um discurso de petistas arrastados para as investigações da Lava Jato, mesmo com malas e mochilas cheias de dinheiro circulando.
No caso em questão, com militares planejando matar o presidente eleito e também ministros do STF, fica difícil não acreditar que houve um plano de golpe, mesmo que ele não tenha se consumado, e que os responsáveis devam responder por isso na medida de seus atos.
A prisão de Braga Netto já é um assunto delicado para os que o cercam. Vale ressaltar que ele não é apenas mais um detento na onda de prisões ordenadas por Moraes. Ele é um general quatro estrelas, mesmo aposentado, que já foi ministro da Defesa.
Quanto a Bolsonaro, o capitão inelegível, ele é agora o investigado com o cargo mais alto na hierarquia do grupo que sonhava em não deixar Luiz Inácio Lula da Silva ficar sem o cargo que conquistou na eleição de 2022. Parece que a fila andou.
Francisco Leali é coordenador na Sucursal do Estadão em Brasília. Jornalista, Mestre em Comunicação e pesquisador especializado em transparência pública.