Com informações da Veja – Criados para fiscalizar o uso do dinheiro público, os tribunais de contas têm se tornado espaço de apadrinhamento político no Brasil. Conselheiros, indicados por governantes e políticos, gozam de estabilidade no cargo, aposentadoria integral e vencimentos que chegam a ultrapassar R$ 100 mil mensais. Em vez de atuarem como barreiras contra a corrupção, esses órgãos frequentemente se mostram complacentes com os poderosos, numa distorção que mina a confiança pública.
Na Paraíba, a polêmica mais recente envolve Alanna Vieira, estudante de medicina de 38 anos e filha do deputado estadual Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa, indicada para o Tribunal de Contas do Estado, Alanna é acusada de ter sido funcionária fantasma por mais de uma década na Secretaria de Planejamento, recebendo R$ 646 mil em salários sem registro de atividades. Apesar da tentativa do Ministério Público de barrar a nomeação, a Justiça liberou a posse.
O caso paraibano é parte de uma prática nacional. Atualmente, cinco ministros do governo Lula têm esposas como conselheiras de tribunais de contas. Entre elas, há profisionais sem histórico relevante na área, como enfermeiras e empresárias. Segundo levantamento do jornal O Globo, a média salarial dos conselheiros é de R$ 69.700 — 50% acima do teto do funcionalismo federal.

Especialistas apontam que o nepotismo institucionalizado enfraquece os tribunais. “O aparelhamento dos tribunais mina a confiança da sociedade nesses órgãos e favorece a blindagem de aliados políticos”, afirma Renato Morgado, da Transparência Internacional.
Para o procurador Roberto Livianu, a ausência de regras claras perpetua esse cenário de promiscuidade entre poder e fiscalização.
Enquanto o sistema permanece intocado, os tribunais seguem acumulando denúncias e ampliando a sensação de impunidade, justamente em instituições que deveriam proteger os cofres públicos.