Por Ricardo Antunes – Não há rede social animada que ajude. O Recife viveu mais uma noite de caos, com 130 milímetros de chuva em 24 horas e os mesmos problemas de sempre. Um pesadelo para um prefeito reeleito com 80% dos votos, que agora se depara com duas mortes por descarga elétrica. A culpa? Sempre da natureza, das “fatalidades” — ou, como disseram nas redes, de São Pedro. Nunca de “São João”.
O deputado Pastor Júnior Tércio ironizou o gasto de dinheiro público durante o Carnaval, há três meses. Cerca de R$ 600 milhões foram gastos nos últimos quatro anos com eventos desse tipo e com propaganda da Prefeitura do Recife. “E agora, com as fortes chuvas, quem sofre é a população. Ruas alagadas, canais transbordando, casas invadidas pela água, trânsito parado. E o serviço de saneamento básico que falta? E a infraestrutura que nunca chega? Todo ano é a mesma coisa. Prometem, fazem festa, mas na hora de cuidar do povo, somem”, disparou Tércio nas redes.
A eterna falta de estrutura levou o prefeito a anunciar a suspensão das aulas da rede pública municipal nesta quinta-feira (15). Vale lembrar, no entanto, que os professores do Recife já estão em greve — o que torna a medida, na prática, inócua. Enquanto isso, as escolas particulares mantiveram suas atividades normalmente, ampliando ainda mais o abismo entre as classes sociais.
Justamente numa gestão que afirma combater a desigualdade, em nome do socialismo.
O canhão que João Campos costuma apontar para o Palácio do Campo das Princesas sempre que há problemas na segurança pública não parece ser o mesmo que usa para fiscalizar o próprio quintal. A ânsia por conquistar o gramado vizinho, que sempre parece mais verde, contrasta com a negligência com a própria área.
Resta a ele menos de um ano para mudar essa perspectiva. Caso contrário, seu sonho — e o do PSB — pode se transformar em um pesadelo sem fim.