Da Redação do Blog – O advogado Luiz Mário Guerra, do escritório Urbano Vitalino, o primeiro palestrante do seminário sobre liberdade de expressão promovido pela Facto Comunicação no Novotel Marina Recife, condenou nesta segunda-feira (9) a polarização política no país como um fator extremamente reducionista, no qual fenômenos complexos se reduzem a explicações elementares.
Segundo ele, a polarização política leva a uma visão de mundo que não reflete a realidade. “Como se pode julgar a eficiência de uma vacina sob a perspectiva de uma visão de direita?”, indagou, sem mencionar a posição contra a vacinação da Covid-19 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Defensor de um dos dois réus absolvidos até agora no julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a suposta tentativa de golpe de estado no governo Bolsonaro, o coronel da reserva Cleverson Magalhães, Luiz Mário Guerra pontuou não existirem direitos fundamentais absolutos, incluindo a liberdade de expressão, prevista no artigo 5º da Constituição.

“A liberdade de ir e vir pode ser relativizada pela prisão, assim como a propriedade pode ser relativizada pela desapropriação por interesse social e há controles sobre a liberdade de expressão”, assinalou.
A liberdade de expressão foi enfatizada pelo palestrante seguinte, o também advogado Melillo Diniz, para quem sem ela as sociedades não evoluem. Citando uma frase do ex-ministro do STF Ayres de Brito no julgamento da Lei de Imprensa, enfatizou que “a liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade”.
Sócio de banca renomada em Brasília, Melillo Diniz pontuou que a imprensa sempre gera descontentamentos. Mencionou o escritor americano Mark Twain, para quem a imprensa separa o joio do trigo e publica o joio. Lembrou também frase do escritor e humorista Millor Fernandes segundo a qual imprensa é oposição e o resto é armazém de secos e molhados.
Para um auditório atento, assinalou que o cenário atual exige vigilância e coragem. “Vivemos tempos fragmentados e polarizados. Temos uma comunicação sem comunidades e comunidades sem comunicação. Essa é a principal característica do momento que atravessamos”, declarou.
O último palestrante do primeiro painel do seminário foi o jornalista Tales Faria, do Correio da Manhã, especializado na cobertura política do Congresso, que alertou para os perigos das informações falsas na apuração das notícias.