Por Norton Lima Jr – 1. A escola argentina de opinião pública ensina algo básico: a realidade é a percepção. Declarações públicas podem ser vistas como ações concretas, mas narrativas só mudam guerras depois que as guerras acabam.
2. As próximas 2-3 semanas serão decisivas para o acordo das “garantias de segurança” da Ucrânia (diz Macron). Todo um trabalho precisa ser feito para dar às “garantias de segurança” um conteúdo real (investe Macron).
3. Trump não quer participar do primeiro encontro entre Putin e Zelensky. ▫️Que seja em formato bilateral, não trilateral como quer Zelensky. Em outras palavras: ▫️contem comigo para a paz, não para continuar essa guerra do Biden. As decisões nas negociações serão tomadas por Putin e Zelensky. Estamos distantes. Trump ainda diz: ◽Zelensky deve demonstrar flexibilidade nas negociações com a Rússia.◽É impossível a Crimeia voltar para a Ucrânia e a Ucrânia entrar na OTAN. ◽O acordo de paz pode ou não acontecer.
4. Entonces. Na prática, temos duas mudanças, a rigor, alterações superficiais, sem avanços reais. Mudou o guarda-roupa e o comportamento de Zelensky na Casa Branca. Mudaram as declarações barulhentas para retóricas pacificadoras. Mas o resto indica perda de tempo.
5. O que impede a solução final? A semântica da militarização da Ucrânia ainda é a mesma. Na prática, trocaram militarização por uma nova terminologia, “garantias de segurança”. E não querem manter a essência do conflito, como agravá-lo, porque anunciam planos de transformar a Ucrânia em um polo militar. A fazenda de trigo será transformada em fábrica de armas.
6. Zelensky recusou a proposta de realizar uma reunião bilateral em Moscou (informa a AFP). O Kremlin também recusará o formato Zelensky-Putin. Os senhores da guerra conseguiram mais um deadlock, contudo, estão empurrando Rússia e Estados Unidos a um novo Memorando de Budapeste — quando desmilitarizaram a Ucrânia em 1994.
7. Até agora a paz pela força tem sido promovida pelo Exército Russo, que enfrenta a OTAN unida a China — apesar das declarações da China que parou de fornecer drones e componentes para a Ucrânia usar em alvos civis russos.