Por Karina Veríssimo — A pandemia causada pelo novo Coronavírus gerou transtornos não só para a saúde. Ela trouxe consigo uma crise econômica sem precedentes e que gerou insegurança para diversos setores e segmentos produtivos. Descrevendo o cenário desafiador, o presidente do Grupo Farias, Eduardo Farias, relatou nesta quarta-feira (10) em entrevista ao Blog de Ricardo Antunes que as projeções de retomada da economia caminham a passos lentos.
O setor sucroalcooleiro é responsável por geração de milhares de empregos diretos e indiretos, sem falar na alta margem em exportações por ano e na circulação da economia. Entretanto, o mercado de biocombustíveis foi um dos mais afetados pela crise, pois sofreu com a diminuição de consumo de combustível em função das necessárias medidas de isolamento social. “Infelizmente, a pandemia apareceu e pegou todo mundo de surpresa, pegou todo mundo no contrapé. No nosso caso específico, evidentemente que reduziu drasticamente o consumo de combustível, porque as pessoas têm circulado menos e agora vem retomando de uma forma muito lenta”, garantiu Farias.
O Grupo Farias, um dos maiores do setor sucroalcooleiro e que também se empenha em questões sociais, emprega aproximadamente 9.000 mil funcionários em suas usinas, distribuídos pelos estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo, Goiás e Acre. De acordo com o empresário, manter o mesmo padrão de produção não está sendo possível, inclusive por Pernambuco passar por uma readequação nas usinas, causadas pelas condições climáticas naturais.
Para Farias, o momento requer atenção e olhar crítico e realista para enfrentar o problema. “Eu acho que vamos passar, de forma otimista, três anos para recuperar os efeitos que ainda não são conhecidos. A gente está em um processo que não vê a luz no final do túnel, economicamente falando”, declarou.

Debate político atrapalha agilidade em questões de saúde
Já em sua análise política sobre o assunto, Farias classificou a guerra política em torno do assunto um entrave para a tomada de decisões mais ágeis para o momento. Em sua visão, também é um erro tratar como iguais os estados que têm grande diferenças, inclusive em comportamento.
Na entrevista, Farias exemplificou cidades do interior de Goiás que não tem casos confirmados de óbitos e o resultado disso, segundo ele, é a educação da população ao seguir as recomendações de ficar em casa. Além disso, a responsabilidade social foi evidenciada ao citarem sobre a compra de respiradores para a rede de hospitais de Pernambuco, como forma de ajudar no combate ao Coronavírus. A iniciativa partiu de grupo de empresários, ao qual faz parte o Grupo Farias.
Citando recente colocação do presidente do TCU, José Mucio Monteiro, Eduardo Farias falou sobre a corrupção que envolve a aquisição de materiais e respiradores durante a liberação de licitação. “A emergência que vai criar essa possibilidade da falta da exigência de licitação, que não seja o motivo para haver a falta de licitude nas ações dos governantes. E é exatamente isso o que tem acontecido”, asseverou.
