Por José Teles
“Campina Grande se faz tão formosa/ Caruaru está com todo tesão/a minha vida é uma palco sobre rodas/ na tournée nordestina / do São Pedro e São João”, s versos de Tournée Nordestina (Lua do Lua) estão sendo postos em prática pelo autor de música, Alceu Valença, que se apresentou em várias cidades na base do forró e bom que ele gosta, e entende muito.
Gravou com Luiz Gonzaga, é parceiro de Dominguinhos e aprendeu a respeitar a festa desde menino , em São Bento do Una: “Se quiser falar de forró pra mim, quero dizer que Juventino, meu tio, tocava oito baixo, meu avô tocava viola. Nelson Valença, primo do meu pai, era parceiro de Gonzaga. Quero He dizer que Luiz Gonzaga quando e viu tocando, com meu grupo, me convidou pra tomar café na casa dele em Novo Exu. Conheci as coisas também da feira de São Bento do Uma, os emboladores, os cantores. Se você perder a raiz total, você dançou. O frevo não é samba, nem forró é rock and roll”, conta Alceu.
Com isso, ele quer dizer que no período junino se atém a um repertório ligado à época. “Neste show que estou fazendo agora, começo com Baião, Vem Morena, A Cantiga do Sapo. Depois canto Pagode Russo, Sala de Reboco, que gravei com Lucy Alves, e interpreto de uma maneira gonzaguiana. Aí vem Xote das Meninas, Sabiá e Girassol (com ritmo de forró), Coração Bobo, Pelas Ruas que Andei, que é a Briga co Cachorro com a Onça, é o pife elétrico, depois Cabelo no Pente. Termino com Tropicana, que é um xote. Na época que gravei, eu tinha vindo de Cuba e botei uma tumbadora na gravação, ela ficou meio tropicalizada. Pessoas da plateia pedem músicas e eu canto. Aí já é forró, pode ser Anunciação, La Belle de Jur. Mas sempre respeito a festa. No Carnaval eu canto frevo.”, diz Alceu Valença.
Ele joga no ar uma pergunta uma provocação: “Na Marquês de Sapucaí toca outra coisa fora samba? Quando homenagearam Miguel Arraes tocaram frevo?” Ele mesmo se encarrega de responder: “Não tenho preconceito contra música nenhuma. Acho que no São João deveria ter uma noite pro forró de verdade, outra pro outro tipo de música. Reginaldo Rossi era uma maravilha como brega, mas tinha a ver com forró? Roberto Carlos que é um grande cantor, o Rei, não tem nada a ver com o Carnaval de Pernambuco. Esta história de multicuturalismo, tudo bem, mas cada coisa no sei lugar. Nada de fechamento. Mas termina o Carnaval pernambucana sendo igual ao de qualquer canto.
Amanhã, Alceu Valença canta no palco principal em Arcoverde, entre uma dupla sertaneja, Ycaro & Vitório, e uma banda de fuleiragem, Solteirões do Forró. Ele confessa que não sabe da programação de nenhuma cidade onde está se apresentando Leva para lá o seu show junino: “Eu faço meu show, mostro meu lado agrestino sertanejo, meu lado Gonzaguinha, dominguiniano, sãobentense (em meio à conversa, canta um aboio com versos improvisados). A cultura não é fechada, mas a indústria do entretenimento procura fechá La. Eu estava outro dia numa cidade aqui em Pernambuco, tinha uma dupla cantando, perguntei se eram do Paraná. Disseram que eram daqui. Já têm sotaque. Acho que em que se culturar a tradição. Mas ela vai se modificando, mas aos poucos”.







