Da Redação do Blog — O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), adversário histórico do PT, e que já disputou uma eleição presidencial contra Luís Inácio Lula da Silva, vê com bons olhos uma aliança com o petista em 2022. Alckmin acredita que o fato de Jair Bolsonaro ter chances de vencer a eleição justificaria a “atitude extrema” de ser vice da chapa de Lula, já que o ex-presidente petista “nunca representou um risco à democracia”, como o atual mandatário. O tucano, que deve deixar o partido em breve, está nos planos do PSD e do União Brasil, mas poderia se filiar ao PSB, que seria hoje o partido mais conveniente para ele, dada a proximidade existente entre as duas siglas, informa a colunista Thaís Oyama, no UOL.
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Ontem, a colunista da Folha Mônica Bergamo revelou que lideranças do PT e do PSB tentam viabilizar uma chapa que una Lula como candidato a presidente da República e Geraldo Alckmin como vice. Fato. Lula e Alckmin, que foram adversários nas eleições presidenciais de 2006 e 2018, negociam agora uma aliança da qual Lula é o maior entusiasta.
O ex-presidente já teve três encontros com o ex-governador de São Paulo, sendo o primeiro deles em julho, na casa do ex-deputado federal e ex-secretário de Alckmin Gabriel Chalita, com a presença do ex-prefeito Fernando Haddad.
Lula, que enfrenta sua maior taxa de rejeição em São Paulo — estado que Alckmin governou por quatro vezes e onde tem um eleitorado cativo — tem dito a interlocutores que “sempre” gostou do ex-governador.

Afirma que seus embates com Alckmin se deram na arena eleitoral, mas nunca no governo, e que a preocupação social é o elo que une os dois. “O Geraldo Alckmin é o único tucano que gosta de pobre”, diz a amigos.
Sobre a resistência que a ideia de uma aliança com um tucano encontraria em setores mais radicais de seu partido, Lula disse recentemente a um aliado que “eles” (os radicais) “podem fazer duzentos manifestos contra”. Sua preocupação com isso seria “zero”.
E Alckmin? Como ele acha que seu eleitorado cativo e conservador reagiria à notícia de que ele estaria disposto a se aliar àquele que há décadas é visto como um inimigo de classe?
Segundo um aliado do tucano, Alckmin acredita que o fato de Jair Bolsonaro estar “do outro lado” justificaria essa “atitude extrema”.
Como Lula, o ex-governador de São Paulo vê no presidente uma real ameaça à democracia. Assim, crê ser dever “de todos” evitar que Bolsonaro se reeleja e, com isso, possa, por exemplo, nomear os quatro próximos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Lula, diz Alckmin, mesmo com o mensalão e o petrolão no currículo, “nunca representou um risco democrático como representa Bolsonaro”.

Nos últimos meses, Alckmin, hoje praticamente um ex-tucano, cogitou filiar-se ao PSD, de Gilberto Kassab, e ao União Brasil, partido que surgirá da fusão entre o DEM e o PSL. Mas, na perspectiva de uma aliança com o PT, o PSB seria hoje o partido mais conveniente para ele, dada a proximidade existente entre as duas siglas.
O ainda tucano decidiu deixar o PSDB, partido que ajudou a fundar, desde que seu ex-apadrinhado e atual desafeto João Doria, governador de São Paulo, trabalhou para impedir que ele se candidatasse à sua sucessão.
Segundo políticos próximos de Alckmin, reside aí o principal motivo da sua indecisão quanto à aliança com Lula: “O Geraldo gosta de governar São Paulo”.
Dar uma guinada em sua biografia e embarcar numa chapa com o PT, além de por fim ao projeto de repetir a dose pela quinta vez, implicaria aumentar significativamente as chances de vitória do vice-governador Rodrigo Garcia, candidato de Doria — por quem Alckmin cultiva ardoroso desejo de vingança.