Da Redação do Blog com G1PE – “Quem não gosta de samba/ Bom sujeito não é/É ruim da cabeça/Ou doente do pé”. O samba famoso do compositor baiano Dorival Caymmi parece se aplicar à Prefeitura do Recife.
Mestres e presidentes das agremiações de samba da cidade aproveitaram a apresentação de cinco escolas de samba no palco do Marco Zero, no Recife Antigo, ontem, e relataram ao G1PE falta de apoio financeiro do poder público, o que tem levado escolas a fecharem as portas.
Uma delas é a Escola de Samba Preto Velho, única atuante em Olinda, com 50 anos de existência e que não desfilou este ano.
“Por mais que exista um direcionamento para o frevo no Estado, um dia como esse representa muito para o povo do samba. Ele precisa acontecer sempre, não apenas no Carnaval. O Preto Velho é um quilombo do século 21. Estamos vivos, resistindo, ativos, atuantes, porque não dá para desistir. Os meus lá atrás persistiram, e outros também vão lutar. O samba é vida, é arte, é axé”, disse Daniel Dias, 46 anos, bailarino, pedagogo e presidente da escola.

A Pérola do Samba, do Alto José do Pinho, na Zona Norte do Recife, também vivencia a realidade de falta de apoio oficial.
“A Pérola é uma escola de família onde cabem negro, branco, mulheres, LGBTs e pessoas de todas as idades. A gente trabalha e luta muito para não deixar o samba morrer. Não precisa existir resistência, só existência. Mas, por enquanto, a gente está resistindo. Aqui, somos todos voluntários. Fazemos porque gostamos”, disse Tony, mestre de bateria da agremiação e profissional da segurança.
Até mesmo a Gigante do Samba, maior campeã do carnaval do Recife, passa sufoco para colocar o desfile na rua. Em 2023, a escola de Água Fria, na Zona Norte da cidade, celebrou seus 80 anos de existência.
“Muito difícil fazer samba na terra do frevo. Nossos dirigentes, nossas coirmãs, estão sempre buscando recursos. Mas a prefeitura um dia vai cair em si e ajudar todas as escolas de samba. Gigante, assim como as outras, só resiste por conta da comunidade. Na periferia, o pessoal nos abraça”, disse mestre Damião, da Gigante.

O Outro Lado
Tentamos ouvir a prefeitura do Recife, mas o secretário de Imprensa, Gilberto Prazeres, não atendeu nossos recados. Assim que tenhamos algum retorno essa matéria será atualizada.