Por Ricardo Antunes — O apagão de energia elétrica de hoje na maior parte do país ressalta a importância de uma matriz energética diversificada. A produção de energia eólica, gerada pela força dos ventos, continua crescendo a passos largos e Pernambuco, acompanhando este ritmo, é atualmente o sexto maior produtor de energia eólica. A informação é da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
A energia eólica tornou-se a segunda maior fonte de geração de energia, com 13% do total. A energia hidrelétrica continua dominando a matriz energética brasileira, na qual responde por 53% da produção de energia, mas entrou em colapso momentâneo hoje, deixando sem energia, a partir de 8h20, todos os estados, à exceção isolada de Roraima. O sistema elétrico brasileiro é o maior da América Latina e o sétimo maior do mundo em capacidade instalada.
De acordo com o último relatório da ABEEólica, de junho passado, com uma geração de 1.061,77 megawatts, Pernambuco é o sexto maior produtor da energia gerada pelo vento. O Rio Grande do Norte está em primeiro lugar, com 7.782,4 MW, seguido, pela ordem, por Bahia, Piauí, Ceará e Rio Grande do Sul.
O Brasil possui hoje 916 parques eólicos, distribuídos em 12 Estados, totalizando mais de 10.100 aerogeradores – torres altas, com grandes pás – em operação para a produção da eletricidade a partir da força do vento. O Nordeste abriga cerca de 90% desses parques eólicos. Informa a ABEEólica que a produção de energia pela força dos ventos no país é capaz de abastecer 36,2 milhões de residências por mês, beneficiando 108,7 milhões de brasileiros.
INSÔNIA EM CAETÉS
O aumento da produção de energia eólica no Brasil é bem-vindo, sem dúvida, por se tratar de mais uma fonte de energia limpa, mas embora não polua, trouxe problemas para 120 famílias de pequenos agricultores em Caetés, no agreste, terra do presidente Lula. Extensa Reportagem da BBCNews, veiculada ontem pela Folha de S.Paulo, revela casos de ansiedade, insônia e depressão de quem mora próximo aos aerogeradores, pelo barulho alto e ininterrupto, mais ou menos intenso ao longo das 24 horas do dia dependendo da velocidade dos ventos.

MAIS CALMANTES
Instalados em 2014, existem dois parques eólicos com 220 torres na área rural de Caetés. Diz a reportagem que quem arrendou a terra para a instalação das torres recebe, mensalmente, cerca de R$ 2 mil por torre. Quem mora a 150 metros relata ter aumentado o consumo de remédios, em especial de calmantes. Há casos de agricultores que se mudaram para o centro da cidade por não suportarem o barulho constante.
PESQUISA MÉDICA
A ABEEólica disse à BBCNews reconhecer o problema em Caetés, mas relata que o parque eólico de lá foi implantado antes da atual regulamentação, que agora exige uma distância mínima de 400 metros entre torre e residência. O campus de Garanhuns da UPE (Universidade de Pernambuco), revela ainda a reportagem, fará pesquisa com duração de três anos para medir o impacto das torres na saúde dos agricultores locais.
PALPITE INFELIZ
Tem lugar de honra na antologia da MPB o samba “Palpite Infeliz”, de Noel Rosa. Todo mundo conhece a letra: “Quem é você, que não sabe o que diz….” Todo mundo sabe, também, da alma profundamente petista e do imenso poder no dia a dia do governo da primeira dama Janja. Mas daí ela insinuar, como fez hoje em suas redes sociais, que o apagão se deveu à privatização da Eletrobras leva automaticamente à lembrança do samba de Noel.
A IRA DO IMPERADOR
Mais uma demonstração de que não é prudente pisar nos calos do “imperador” Arthur Lira (PP-AL). O sincericídio do ministro Fernando Haddad em afirmar, em entrevista a um podcast, que o grande poder da Câmara dos Deputados humilha o Senado e o Executivo não só lhe rendeu a humilhação, essa sim, de ter de se desdizer publicamente e de levar um safanão de Lira via twitter, como resultou em mais um adiamento da votação do novo marco fiscal, crucial para o governo. O novo marco fiscal só volta à discussão dos líderes na próxima segunda-feira.

DESCULPA AMARELA
O projeto do novo marco fiscal foi discutido rapidamente na reunião de líderes partidários com Lira na semana passada e era o principal item da reunião de hoje, para a qual seu relator, Cláudio Cajado (PP-BA), havia se preparado com profusão de números e argumentos dos técnicos em Orçamento da Câmara com o objetivo de propor a derrubada de todas as alterações do Senado. Não colou a desculpa amarela de Cajado de que os líderes simplesmente decidiram debater outros projetos. Haddad cutucou a onça errada na hora errada.
UNANIMIDADE
A primeira rodada de discussões sobre a reforma tributária, hoje, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, confirmou uma unanimidade: os três economistas-chefes das confederações empresariais (Mário Telles, da indústria; Fábio Bentes, do comércio e serviços, e Renato Conchon, da agricultura) condenaram na CAE a criação de um imposto estadual sobre produtos primários (agropecuários e minérios) que vigoraria até dezembro de 2043. Enfiado em cima da hora na votação da Câmara, o artigo 19 da PEC da reforma deverá cair no Senado, como a coluna já antecipou.
POLOS NÃO TÃO OPOSTOS
Objetivos nobres e justos, como o fim da violência contra as mulheres, consegue, felizmente, juntar polos radicalmente opostos. Ocorreu ontem, no velório em Brasília da policial civil Valderia da Silva, 46 anos, que trabalhava numa delegacia de atendimento à violência contra a mulher e, cruel coincidência, foi vítima de feminicídio praticado a facadas pelo ex-marido.

ACENOS
A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), crítica ferrenha do governo do marido, não só estavam no velório como se acenaram, conforme anotou em sua coluna de hoje a competente jornalista brasiliense Denise Rothenburg. Em tempo: o feminicida, Leandro Ferreira, foi morto pela PM de Goiás em Porangatu, no interior goiano, segundo a PM por haver reagido à ordem de prisão com um revólver calibre 32.
EM BRASÍLIA
Durante agenda em Brasília nesta terça-feira (15), a governadora Raquel Lyra participou de reuniões com o ministro da Educação, Camilo Santana, e a secretária de Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, na Esplanada dos Ministérios. Nos encontros foram tratadas políticas educacionais em benefício da população pernambucana e a cooperação para digitalização dos sistemas de saúde das unidades hospitalares.
MÚSICA
O cantor Ney Matogrosso se apresenta no Teatro Guararapes, em Recife, com show da turnê “Bloco na Rua”, na quinta-feira (17), às 20h30. No repertório, mais de vinte canções – entre composições já gravadas pelo cantor e outros sucessos. A música “Eu quero é botar meu bloco na rua”, de Sergio Sampaio, inspirou o título da turnê. Em 90 minutos, Ney interpreta clássicos da MPB, incluindo canções de Rita Lee, Fagner, Caetano Veloso, Beto Guedes, Lô Borges e Fernando Brant.
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