Assim que explodiu o motim de policiais militares no Ceará, movimento seguido pelo ferimento a bala do senador Cid Gomes (PDT-CE) quando tentava invadir um quartel com uma retroescavadeira, o presidente Jair Bolsonaro virou logo personagem central do debate.
Ciro Gomes, por exemplo, acusou o presidente de estar diretamente ligado a reação dos PMs amotinados contra seu irmão no quartel da cidade de Sobral. “Quem estava na linha de frente lá era um vereador do Bolsonaro”, disse o ex-presidenciável do PDT.
Bolsonaro contestou a fala e chamou de “fim da picada” a tentativa de ligá-lo as agitações de policiais pelo país por melhores salários e planos de carreira.
O fato é que estados governados por aliados ao presidente, eleito para o Planalto com forte apoio de PMs, não estão imunes ao elevado nível de tensionamento nos quartéis brasileiros, que ficou mais visível após o motim no Ceará, que se desenrola nas últimas semanas.
No quintal de governadores alinhados com o bolsonarismo, problemas como déficit salarial, condições precárias de trabalho e não cumprimento de acordos para pagamento de promoções tem minado supostas blindagens ideológicas e deixado os gestores locais em alerta.

Santa Catarina
Um dos exemplos mais claros ocorre em Santa Catarina. Sob a administração de Carlos Moisés, bombeiro militar e filiado ao PSL (partido pelo qual Bolsonaro se elegeu), há um clima de grande insatisfação na Polícia Militar.
Os militares pedem reposição inflacionária após seis anos sem reajuste e chegaram a interromper totalmente o trânsito em uma rodovia de Florianópolis. O protesto ocorreu em 30 de janeiro, antes do início do motim no Ceará.
Rondônia

Em Rondônia, estado governado pelo coronel da reserva da Polícia Militar Marcos Rocha (também do PSL), existe uma escalada na tensão.
Os policias prometem não sair as ruas, por exemplo, caso a viatura esteja com documento vencido ou o colete a prova de balas esteja fora da validade.
Roraima

No estado de Roraima, governado por Antonio Denarium, que já anunciou saída do PSL para ingressar na Aliança pelo Brasil, sigla que o presidente quer criar, a cobrança por parte dos policiais militares também existe. A categoria reivindica melhores condições de trabalho e reposição salarial.