De O Globo – O Irã disparou ao menos 200 projéteis contra Israel na noite desta terça-feira (tarde em Brasília), horas após as primeiras informações sobre preparativos de um ataque de Teerã surgirem entre fontes ocidentais. Sirenes de alerta foram disparadas em Tel Aviv, Jerusalém e várias regiões do país, com ao menos um relato de um impacto direto de projétil em um prédio no norte de Tel Aviv. O governo do Irã confirmou a autoria do ataque e anunciou que novos disparos serão realizados caso Israel decida retaliar a ofensiva. (Veja o vídeo no final.)
“Há pouco, mísseis foram lançados do Irã em direção ao Estado de Israel”, informaram as Forças Armadas israelenses em um comunicado, recomendando medidas para que seus cidadãos busquem proteção. “Ao ouvir uma sirene, você deve entrar em um espaço protegido e permanecer lá até novo aviso. As FDI estão fazendo e farão tudo o que for necessário para proteger os civis do Estado de Israel”.
O principal porta-voz das Forças Armadas israelenses, o contra-almirante Daniel Hagari, fez um pronunciamento à nação, afirmando que todos os sistemas de defesa do país estão de prontidão para interceptar os disparos. Hagari, contudo, pediu atenção à população civil, afirmando que o sistema não garante que 100% dos projéteis serão abatidos.

— O sistema de defesa aérea está totalmente operacional, detectando e interceptando ameaças onde for necessário, até mesmo neste momento. No entanto, a defesa não é hermética e, por isso, é essencial seguir as instruções do Comando da Frente Interna. Vocês podem ouvir explosões, que podem ser resultado de interceptações ou impactos. Devido à variedade de ameaças, alarmes podem ser acionados em áreas amplas — afirmou Hagari.
Relatos da imprensa israelense indicam que os ataques foram direcionados a diferentes partes do país. Repórteres do jornal Haaretz informaram que ao menos um prédio no norte de Tel Aviv foi atingido diretamente por um projétil. Explosões também foram ouvidas em Jerusalém, embora não haja nenhum confirmação de alvo atingido até o momento.
A Guarda Revolucionária do Irã reivindicou o ataque direto contra Israel — apenas o segundo em sua história —, afirmando ter disparado dezenas de mísseis. O corpo de elite das unidades militares iranianas também indicou que a resposta de Teerã em caso de retaliação iraniana seria “mais esmagadora e ruidosa”.
O ataque aéreo iraniano vinha sendo discutido desde cedo, quando fontes americanas afirmaram ter recebido informações sobre preparativos no Irã para atacar diretamente Israel. O próprio Hagari havia comentado sobre o tema em um pronunciamento antes da confirmação, afirmando que todas as forças estavam de prontidão.
— Há pouco tempo, nossos aliados americanos nos informaram que identificaram preparativos do Irã para um iminente lançamento de mísseis contra o Estado de Israel — disse Hagari, horas antes da confirmação do disparo. — Estamos na mais alta prontidão, ofensiva e defensiva. Junto dos Estados Unidos, estamos acompanhando os desenvolvimentos no Irã. O fogo iraniano contra o Estado de Israel terá consequências. Temos planos e temos capacidades.
Ao Times, três oficiais israelenses disseram que os alvos do novo ataque iraniano seriam três bases aéreas militares, além de uma sede de inteligência ao norte de Tel Aviv que foi evacuada na tarde desta terça-feira. Um repórter da Axios publicou no X que as forças iranianas deverão atacar o Estado judeu com mísseis balísticos que podem atingir alvos em 12 minutos, e não com drones ou mísseis de cruzeiro, que levam mais tempo. Em declaração à jornalistas, Hagari afirmou que o fogo iraniano provavelmente seria de grande escala.
Em abril, o Irã realizou um ataque retaliatório sem precedentes contra Israel, lançando mais de 300 drones e mísseis em direção ao território do Estado judeu. A missão iraniana na ONU afirmou, na ocasião, que a ofensiva foi feita em resposta à agressão contra as instalações diplomáticas de Teerã em Damasco, quando membros da Guarda Revolucionária, a força de elite iraniana, foram mortos. À época, muitos dos mísseis lançados pelo Irã foram abatidos por uma coalizão liderada pelos EUA, enquanto outros aparentemente falharam no lançamento ou caíram durante o voo.