Da Redação do Blog — Davi Alcolumbre, senador do União Brasil-AP, teria sido o principal beneficiário de uma manobra que destinou R$ 1 bilhão do caixa do governo Bolsonaro para redutos eleitorais do centrão. Ele indicou R$ 264 milhões para obras de infraestrutura financiadas pelo Ministério da Defesa, representando 26% do total distribuído para parlamentares do centrão.
Essa manobra burlou a decisão do STF que bloqueou o “orçamento secreto”, que Alcolumbre ajudou a articular.

Para garantir o financiamento a seus aliados, o governo utilizou recursos do Ministério da Defesa, que foram redirecionados a municípios através de indicações de políticos do centrão, sem transparência.
Alcolumbre nega envolvimento em tal sistema, mas promoveu publicamente as obras em seus redutos eleitorais.

Essa alocação de recursos foi essencial para a ascensão política de Alcolumbre, que manteve influência mesmo no governo Lula, indicando ministros. O mecanismo se baseou no programa Calha Norte e envolveu uma espécie de “emenda fantasma”, sem a criação formal de emendas parlamentares.
O general Ubiratan Poty, responsável pelo Calha Norte, admitiu a natureza política da distribuição de recursos, mas os nomes dos políticos não são divulgados pelo Ministério da Defesa. Alcolumbre está em campanha pela Presidência do Senado em 2025.
O que é o Calha Norte?
O programa foi criado em 1985 para repassar dinheiro a governos estaduais e prefeituras da Amazônia Legal e foi ampliado sob Bolsonaro, atendendo agora a estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Em dezembro de 2021, o Ministério da Defesa pediu R$ 350 milhões em recursos extras para o Calha Norte e o Ministério da Economia concedeu R$ 328 milhões. Em dezembro de 2022, o Ministério da Economia injetou outros R$ 703 milhões nos cofres do Calha Norte, que totalizaram R$ 1,031 bilhão e financiaram as obras nos redutos eleitorais de políticos do centrão.