Por Rafael Barbosa, do PODER360 – O governador afastado de Brasília, Ibaneis Rocha (MDB), enviou mensagem às 15h39 de 8 de janeiro para o secretário interino de Segurança Pública do Distrito Federal, Fernando de Souza Oliveira, pedindo a desobstrução do Congresso Nacional –que, àquela hora, acabara de ser invadido por extremistas de direita.
Na captura de tela obtida pelo Poder360, do aplicativo WhatsApp, o então chefe do Executivo ordena que as forças de segurança da capital, comandadas por Oliveira, prendam “o máximo” de “vagabundos” “possível”.
No print, é possível ver uma mensagem de áudio enviada pelo secretário interino com duração de 1 minuto e 5 segundos. Na sequência, Ibaneis determina que Oliveira coloque “tudo na rua”, em possível referência à mobilização das forças de segurança do DF para a Praça dos Três Poderes.
Antes da invasão, Oliveira havia relatado a Ibaneis, às 8h18, uma “situação tranquila” na Esplanada dos Ministérios. Informou que 99 ônibus haviam chegado em Brasília com manifestantes e enviou 2 áudios em seguida, de 55seg e de 1min5s, respectivamente.
Segundo o secretário interino, os extremistas –que depois viriam a invadir os prédios dos Três Poderes– estavam no Setor Militar Urbano e foram “escoltados pela polícia”. Disse que houve uma “negociação” para que os atos pudessem ser realizados de forma “pacífica”, “organizada” e “acompanhada”.
“Então, assim, está um clima bem tranquilo, bem ameno. Uma movimentação bem suave. E a manifestação totalmente pacifica. Até agora, nossa inteligência está monitorando, não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento. Então, este é o último informe para o senhor. Tem aproximadamente 150 ônibus já no DF, mas todo mundo de forma ordeira e pacifica. Final do dia, final da tarde, eu passo outro informe para o senhor. Abraço”, disse Fernando de Souza Oliveira no áudio.
A mensagem de reação de Ibaneis ao secretário foi enviada só depois que o Congresso já havia sido invadido. O governador recebeu o último informe de segurança às 13h29, quando os manifestantes já estavam marchando rumo à Esplanada dos Ministérios.
Em depoimento à Polícia Federal na 6ª feira (13.jan), o governador afastado de Brasília disse ter sido alvo de “sabotagem”. Afirmou que foi “absolutamente surpreendido” com a falta de resistência à invasão das sedes dos Três Poderes.
Ibaneis afirmou ter acompanhado pela televisão os atos dos vândalos de direita. declaração do chefe do Executivo à PF. Depois dos atos violentos, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes afastou Ibaneis do cargo por 90 dias.
O magistrado também determinou a prisão de Anderson Torres, seu ex-secretário de Segurança Pública. Fernando de Souza Oliveira estava no lugar de Torres porque o ex-ministro de Bolsonaro estava em férias em Orlando, nos Estados Unidos.
INVASÃO AOS TRÊS PODERES
Por volta das 15h de domingo (8.jan.2023), extremistas de direita invadiram o Congresso Nacional depois de romper barreiras de proteção colocadas pelas forças de segurança do Distrito Federal e da Força Nacional. Lá, invadiram o Salão Verde da Câmara dos Deputados, área que dá acesso ao plenário da Casa. Equipamentos de votação no plenário foram vandalizados. Os extremistas também usaram o tapete do Senado de “escorregador”.
Em seguida, os radicais se dirigiram ao Palácio do Planalto e depredaram diversas salas na sede do Poder Executivo. Por fim, invadiram o STF (Supremo Tribunal Federal). Quebraram vidros da fachada e chegaram até o plenário da Corte, onde arrancaram cadeiras do chão e o Brasão da República –que era fixado à parede do plenário da Corte. Os radicais também picharam a estátua “A Justiça”, feita por Alfredo Ceschiatti em 1961, e a porta do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
Os atos foram realizados por pessoas em sua maioria vestidas com camisetas da seleção brasileira de futebol, roupas nas cores da bandeira do Brasil e, às vezes, com a própria bandeira nas costas. Diziam-se patriotas e defendiam uma intervenção militar (na prática, um golpe de Estado) para derrubar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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