Mulheres do Movimento Sem Terra (MST) ocuparam a sede do Ministério da Agricultura, em Brasília, na manhã desta segunda-feira (9), em um protesto contra a liberação de novos registros de agrotóxicos.
Usando bonés e com os rostos cobertos, as manifestantes bloquearam a entrada do prédio, por volta das 8h30, e jogaram tinta vermelha no chão. Durante o ato, as manifestantes também deixaram um caixão coberto pela bandeira do Brasilna porta do ministério. Ao lado foram deixadas pás e frascos vazios do que representariam embalagens de agrotóxicos.

Em nota divulgada no fim da tarde, o Ministério da Agricultura disse que o grupo não apresentou documento nem pediu reunião com representantes do governo. A pasta afirmou ainda que “não aceitará esse tipo de conduta e não permitirá que sejam impostos prejuízos ao patrimônio público”.
O protesto faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, realizado desde domingo (8) no Distrito Federal. Segundo as organizadoras, o ato é contra a suposta distribuição de títulos individuais de lotes de terra para os assentados da reforma agrária, além do que chamaram de “liberação desenfreada de agrotóxicos pelo governo Bolsonaro”
“Nós sempre defendemos o Contrato de Concessão de Uso (CCU), porque restringe a mercantilização das terras conquistadas, e terra para nós é um bem comum da natureza, e portanto, não pode ser mercadoria”, explicou Maria da Silva Trindade, do MST.

Registro de agrotóxicos
O número de agrotóxicos registrados no ano passado foi o maior da série histórica que teve início em 2005. Números do Ministério da Agricultura apontam que foram aprovadas 474 substâncias.
De acordo com a pasta, desse total, 26 são pesticidas inéditos (5,4%) e 448 são genéricos (94,5%), ou seja, são “cópias” de princípios ativos inéditos — que podem ser feitas quando caem as patentes — ou produtos finais baseados em ingredientes já existentes no mercado.
Entre os novos agrotóxicos aprovados no ano passado está o Dinotefuram, considerado “extremamente tóxico” na classificação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa).

Novas regras
Em fevereiro deste ano, o Ministério da Agricultura publicou novas regras para o registro de agrotóxicos no país. Com a medida, é mantida a necessidade de avaliação técnica, por três órgãos, como ocorre atualmente, mas, na etapa final, foi aberta a possibilidade de concessão automática do registro, que é feita pelo órgão com base nessas análises.
O responsável pelo setor de registros de agrotóxicos no ministério, Bruno Cavalheiro Breitenbach, afirmou ao G1 que a medida não vai facilitar a liberação de produtos e nem vai acelerar a fila de pedidos.
A nova regra entra em vigor em 1º de abril, quando o ministério terá 60 dias para decidir se concede ou não o registro ao pesticida.