Por Luiz Roberto Marinho — Magoado com a troca da governadora Raquel Lyra pelo PSD, o PSDB cogita mudar seu comando em Pernambuco e se bandear para a possível candidatura do prefeito João Campos (PSB) ao governo do estado, mas esta guinada radical não é tão fácil quanto parece.
Na avaliação de participantes ativos da cena política pernambucana, uma primeira aresta é de que, ameaçado de extinção, o PSDB negocia uma fusão com o Podemos e em Pernambuco o partido, liderado pelo ex-prefeito de Paudalho Marcelo Gouveia, pelo ex-deputado federal Ricardo Teobaldo e pelo ex-senador Armando Monteiro, é aliado da governadora.
Em contínuo processo de derretimento, agravado nas eleições municipais com a perda de metade das prefeituras que tinha, o PSDB enfrentará uma cláusula de barreira dura de ser superada nas eleições de 2026 – 13 deputados federais distribuídos ao menos por nove estados ou 2,5% dos votos válidos para a Câmara – e para sobreviver negocia uma fusão com o Podemos.
Uma outra aresta a ser superada é de que, jogando-se na candidatura João Campos, o PSDB rasga sua bandeira de oposição ao governo do PT, aliado incondicional do prefeito do Recife, analisam políticos locais.

Não há obstáculos em trocar pelo presidente da Alepe (Assembleia Legislativa de Pernambuco), Álvaro Porto, adversário de Raquel e apoiador de Campos, seu presidente local, Fred Loyo, amigo da governadora e pai do presidente da Empetur, Eduardo Loyo. O difícil será o PSDB se explicar aos seus cada vez mais magros eleitores porque estará no mesmo palanque de um candidato ligado ao PT.
O ex-presidente nacional do partido, Bruno Araújo, não nega que está liderando conversações com o PSDB pernambucano, embora não confirme ter havido uma primeira reunião, em Brasília, entre a cúpula dos tucanos e o deputado Álvaro Porto. “Vamos dialogar internamente e no momento oportuno voltaremos a falar”, limitou-se a afirmar ao Blog na semana passada.
Por trás da questão partidária, há também uma mágoa pessoal entre Bruno e Raquel, apesar de uma convivência de nove anos no PSDB. Amigos dos dois tentam dissipá-la e, dessa forma, evitar que arestas no relacionamento pessoal apressem a troca de lado dos tucanos de Pernambuco, mas admitem ser um fator a mais na tendência do PSDB local de aderir a João Campos, mesmo diante das consequências para os tucanos que veem na conversão.
No meio político, afirma-se que as mágoas pessoais seriam em parte derivadas do apoio financeiro do PSDB à eleição de Raquel ao governo não correspondido por cargos de relevância na estrutura governamental.