Do g1 Pernambuco – Sem deixar de lado a criatividade e o bom humor, o Carnaval de Pernambuco também é espaço para a sátira política. No Recife e em Olinda, foliões usam suas fantasias para “tirar onda” de personalidades nacionais e internacionais, como Elon Musk, Donald Trump, Bolsonaro e Alexandre de Moraes.
Também tem o “Velho do Rio”, da novela “Pantanal”, convocando as pessoas para a Conferência do Clima em Belém (Veja vídeo).
No desfile do Galo da Madrugada, o decorador Sérgio Rodrigues foi fantasiado de “Elan Moska, a podridão do mundo”, em referência ao bilionário Elon Musk, dono do X e secretário e chefe do Departamento de Eficiência Governamental do governo Trump, nos Estados Unidos.
“No mundo em que vivemos, o cara fazer uma reverência ao nazismo é uma coisa absurda”, disse, citando as recentes polêmicas em torno de Musk, que fez um gesto semelhante à saudação nazista durante um discurso na posse do presidente norte-americano.
Folião veterano, Sérgio já usou outras fantasias com temas políticos, mas neste ano quis focar em debates globais.
Já o casal de professores André Luiz e Gilvania Sousa, que mora em Gravatá, no Agreste do Estado, também decidiu brincar com a política norte-americana, criticando a política anti-imigração defendida pelo governo de Donald Trump.
Brincando nas ladeiras de Olinda, eles se vestiram como “deportados dos EUA”, usando bonés vermelhos com a frase “Made America Great Again”, mas com uma ironia estampada: a etiqueta “Made in China”, em referência ao país comunista que disputa a hegemonia mundial com os norte-americanos.
“A gente é muito ligado nas questões políticas e achou interessante fazer algo que remetesse a isso”, contou André.
Também no Galo da Madrugada, o servidor público José Arruda se caracterizou, pelo segundo ano consecutivo, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, levando a mensagem “Anistia zero e Bolsonaro preso”.
Ele afirmou que acredita na prisão do ex-presidente, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado, ainda neste mês.
“No ano passado, usei essa fantasia quando confiscaram o passaporte dele. Agora já temos uma denúncia cheia de evidências. Isso não é só uma fantasia, é um incentivo para que a gente não aceite a impunidade”, disse.
Outro tópico abordado foi o meio ambiente. Inspirado na novela Pantanal, o comerciante Jocelito Silva se transformou no “Velho do Rio Capibaribe”, carregando um berrante e uma placa chamando os foliões para a Conferência do Clima (COP-30), que vai reunir líderes mundiais para discutir a crise climática e acontece em novembro, em Belém (PA).
“Vamos ver se agora alguma coisa muda pelo clima, se vai vingar”, disse, esperançoso.
Neste domingo (2), também teve gritos de “Sem anistia” e “Vai ser preso” em volta do grupo percussivo Ghreia, que animava os foliões com músicas e também falas políticas.
“Não dá para separar a arte da política e mais do que nunca, desde o golpe de 2016 e as eleições de Bolsonaro em 2018, que viemos tratando esse assunto nas nossas apresentações. […] O que estamos querendo ao dizer sem anistia não é algo individual de Olinda, é algo que o Brasil está esperando e que precisamos nos politizar porque temos o poder na nossa voz”, contou Lummi, vocalista do grupo.
Veja o video de uma das fantasias: