Da redação do blog — Um novo episódio de desrespeito ao forró mancha a tradição das festas juninas do Nordeste. A prefeitura de Maceió (AL) fez um verdadeiro “papelão” com a banda Fulô de Mandacaru, que tinha sido contratada por R$ 100 mil para fazer um show na noite de terça-feira (27), durante os festejos da cidade. No fim das contas, os pernambucanos ficaram sem tocar, não conseguiram contato com os organizadores nem com a gestão do prefeito João Henrique Caldas (JHC) e ainda levaram um calote, sem ver, até agora, a cor do dinheiro.
Decepcionados, os integrantes da Fulô de Mandacaru divulgaram nas redes sociais dois vídeos, nos quais relatam o que aconteceu. Desde o início, com um aviso “fora de hora” sobre a alteração no “horário do show”, até a saída da cidade, sem nenhum pedido de desculpas.
No primeiro vídeo, Armandinho do Acordeon conta que tudo começou quando a banda já estava em Maceió para a apresentação de terça-feira. Na mesma noite, tocariam Wesley Safadão e Zezé Di Camargo. A banda foi informada que deveria fazer ajuste de som, das 17h às 18h, e se apresentar, de fato, das 20h às 21h. Pouco antes, no entanto, os forrozeiros foram informados, sem nenhuma explicação, que tudo tinha mudado. “Passaram o show para a madrugada. Seria às 4 da manhã”, declarou sanfoneiro e vocalista, no vídeo.
Diante dessa informação, o músico disse que os empresários tentaram fazer contato com a empresa organizadora e com a prefeitura, mas não tiveram resposta. “Era para ser um dia de alegria e virou dia de tristeza. De desrespeito com os fãs e com o forró e com as tradições”, declarou.
Os músicos lamentaram a alteração repentina e disseram que fãs que saíram de outras cidades foram prejudicados. “Mais um episódio contra o forró. Gostaríamos de uma resposta da prefeitura. Também da CPA produções. Aguardamos com toda a equipe, de forma educada. Não desse jeito, dessa forma”, disse. Armandinho disse que não se curvaria a essa situação e pediu desculpas aos fãs da Fulô de Mandacaru. “O São João tem que ter forró. Não vamos nos calar, nem que nossa vida seja ceifada, vamos defender a nossa cultura. Viva o São João e viva o forró”, declarou.
No segundo vídeo, gravado nesta quarta-feira (28), a banda disse que continuava esperando a resposta. “Sem nenhuma satisfação. Era contrato para show de uma hora e vinte minutos. Ninguém cumpriu nada”, disse. Nas imagens, o músico ressaltou que cumpriu a parte do contrato e rasgou o papel assinado com a produção do São João de Maceió. “Contrato só serve para quem tem palavra. Caso contrário, não serve de nada. A luta continua”, afirmou Armandinho.
Ao fazer o desabafo, o músico da Fulô de Mandacaru lembrou de outro episódio recente envolvendo o desrespeito a ícones da tradição do forró no São João Nordestino.
Ele falou sobre o caso de Flávio José, paraibano que foi obrigado a reduzir a apresentação em Campina Grande (PB) para dar o palco a Gusttavo Lima. O fato provocou grande reação entre músicos e defensores do ritmo regional.
“Com a Lei Luiz Gonzaga, isso não vai mais acontecer”, afirmou Armandinho do Acordeon, fazendo referência a uma proposta que tramita no Congresso Nacional. A ideia do deputado pernambucano Fernando Rodolfo é assegurar que 80% das verbas públicas de festas juninas sejam destinadas à contratação de artistas, bandas e expressões ligadas ao forró e à cultura regional.
Espera-se que casos como o ocorrido com a Fulô de Mandacaru e Flávio José sejam evitados no futuro, garantindo assim o respeito e a valorização do forró e das tradições culturais do Nordeste. Os artistas continuam firmes na defesa de suas raízes musicais e na luta por uma maior valorização do forró nas festas juninas.