Do Globo — O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira que não pediu demissão do governo e nem o presidente Jair Bolsonaro insinuou isso. Essas especulações surgiram após o governo decidir alterar o teto de gastos para pagar um Auxílio Brasil de R$ 400. As mudanças levaram quatro secretários de Guedes a pedirem exoneração de seus cargos, situação que o ministro classificou como “natural”.
— Eu não pedi demissão. Em nenhum momento eu pedi demissão. Em nenhum momento o presidente insinuou qualquer coisa semelhante. Quando eu me referi ao André Esteves é porque eu soube que, enquanto eu estava lá fora, teve uma movimentação política aqui. Existe uma legião de fura-tetos, o teto é desconfortável — disse ele, em entrevista.
Guedes completou:
— Estou errado de não pedir demissão porque vão gastar R$ 100 a mais? Por gastar R$ 33 bilhões a mais?
Guedes disse mais cedo que integrantes da ala política do governo Jair Bolsonaro procuraram o dono do banco BTG, André Esteves, para buscar nomes para o substituir.

A declaração de Guedes sobre André Esteves foi feita após um ato falho. O ministro anunciava que o seu assessor Esteves Colagno assumirá a secretaria do Tesouro e Orçamento do ministério. Nesse momento, afirmou que o “André Esteves” assumiria a função.
Ao se corrigir, disse que integrantes da ala política do governo procuraram André Esteves em busca de nomes para o substituir. Entre esses nomes, disse Guedes, estava Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro Nacional.
Ao mesmo tempo em que afirmou não ser confortável furar o teto, Guedes defendeu a medida e afirmou que não pode tirar nota zero no social.
— Não é confortável para a Economia furar teto. Não é confortável para a economia um weiver extrateto. Mas nós estamos falando do Brasil, de milhões de brasileiros desamparados. Nós temos que escolher. Vamos tirar 10 no fiscal e zero no social? Então baixa um pouco a média do fiscal mas aumenta um pouco a média do social — disse.
Para Guedes, não há irresponsabilidade fiscal.
— Não há irresponsabilidade fiscal, não há licença para gastar, nada disso. Eu tinha sugerido cravar um número. A solução que veio foi maior, mas em compensação tudo em baixo do teto. Detesto furar teto, não gosto de furar teto. Agora, não estamos aí para tirar só 10 no fiscal.
O ministro reconheceu o ritmo de ajuste fiscal vai cair:
— Nós vamos reduzir o ritmo do ajuste. Que seja um déficit de 1% (do PIB), não faz mal. Preferimos tirar oito no fiscal e atender os mais frágeis. O arcabouço fiscal continua. Eu seguro isso.