Por Ricardo Antunes — Apesar da campanha eleitoral antecipada correr à todo vapor, o quadro para o próximo presidente eleito não é nada animador. Pelo contrário. Com baixo crescimento, inflação subindo, dólar alto e dívida pública explodindo, o próximo presidente eleito terá que reformar o Estado para que ele caiba no Orçamento. Por isso, segundo o repórter Fernando Canzian, o próximo mandatário terá “o mais complexo desafio econômico desde o Plano Real”.
Os melhores anos para a economia brasileira recente se deram entre 1998 e 2013, período em que o Brasil enfrentou crises internacionais e domésticas sem impactos de longo prazo. No auge, em 2010, o país chegou a crescer 7,5%, com a inflação sob controle. No entanto, nos últimos anos, o país acumula déficits primários, o que levou a uma explosão do endividamento público. O resultado tem sido o baixo crescimento e o aumento do desemprego e da pobreza extrema.
É por isso que a consolidação fiscal será a prioridade em 2023. E isso é um consenso nas equipes dos principais candidatos à presidência. À frente da equipe econômica de Jair Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes (Economia), chegou a propor uma articulação política em torno de um grande ajuste. Mas a ideia não saiu do papel nesta gestão.
No PT, há quem advogue que os melhores anos do Brasil ocorreram durante na Presidência de Luís Inácio Lula da Silva e sua política de Superávit primário, e por isso, o ex-presidente precisa ser novamente eleito. Sem experiência em gestão ou grandes conhecimentos em economia, Sergio Moro aposta no seu “Posto Ipiranga”, o economista Affonso Celso Pastore, que já desenha um programa de ajuste fiscal.
Por outro lado, Ciro Gomes (PDT), pretende por em prática as ideias do economista Mauro Benevides, que defende alterar o atual teto de gastos, retirando da conta os investimentos públicos, que passariam a variar de acordo com a receita. Enfim, cada candidato tem sua receita. Caberá ao eleitor escolher a sua.

ACENO
Um dia após ser escolhido candidato nas prévias do PSDB, o governador de São Paulo, João Doria, fez acenos, neste domingo, a outros nomes da direita.
ALIANÇAS
Em queda nas pesquisas, o tucano não descarta alianças com o ex-juiz federal Sergio Moro, Simone Tebet (MDB-MS) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
ULTRAPASSADO
O gesto não é trivial. No próprio partido, avalia-se que, Doria corre o risco de ser jogado no acostamento por Sergio Moro.
LAVAJATISMO
Falando nisso, depois do ex-juiz, o ex-PGR Rodrigo Janot bateu o martelo: vai se filiar ao Podemos para concorrer à Câmara ou ao Senado em 2022.

PLANOS
Deltan Dallagnol também assina a ficha do partido no mês que vem. Com isso, já são três nomes da Lava Jato que entraram oficialmente na política.
AVISO
Por outro lado, Bolsonaro já prepara fuga dos debates em 2022. “[Os debates] são para falar sobre o meu mandato, não sobre coisas de família, de amigos”, disse o capitão.
TABU
Ou seja, está proibido falar sobre “rachadinha”, depósitos de R$ 89 mil para a primeira-dama, o gabinete do ódio e a indústria das fake news, ironiza o colunista Bernardo Mello Franco. Faz sentido.
GESTO
Dirigentes do PSB têm dito a petistas que a entrada de Geraldo Alckmin no partido seria um gesto para Lula. Para Carlos Siqueira, diferenças ideológicas entre o PSB e o tucano poderiam ser superadas por Lula.

CONTRAPARTIDA
Em contrapartida, os socialistas querem que o PT abra mão da candidatura de Fernando Haddad em São Paulo para apoiar Márcio França.
ABREU E LIMA
A direção da Petrobras e o comando do Cade entraram num acordo sobre a venda da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
VENDA
Num ano eleitoral, coalhado de incertezas, não será um processo simples, mesmo sendo a refinaria mais moderna da estatal.
FOTO DO DIA:
