*Por Ricardo Bandeira de Melo — Enquanto em Veneza os casais se beijam na gondolas navegando pelos estreitos canais. E em Amsterdam pessoas moram em residências flutuantes, aqui no nosso Recife, as coisas flutuam bem diferentes. Apelidada carinhosamente de “Veneza Brasileira”, nossa cidade possui belezas naturais e construídas pelo homem, mas ainda viramos as costas para o rio e o povo não discute propostas de limpeza nem projetos que uso para transporte.
Em 2012, o governo do Estado chegou a lançar, após décadas de deliberações, a alternativa que prometia desafogar os meios de transporte viários do Recife. O projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe, tinha entrega prometida para 2014, mas até agora, nada. O projeto previa a implantação de duas rotas fluviais, que deveriam atender 300 mil pessoas por mês. Muito dinheiro foi gasto, precisamente 74 milhões de reais, vale ressaltar! Tanto que o TCE está atrás (agora, em 2021) para saber onde esse dinheiro foi gasto. Dragas em quase estado de decomposição, até hoje podem ser vistas nas margens a partir da ponte da BR.
Vou falar meu percurso diário, que é o de muita gente. Saio de Casa Forte por volta das 7:40 (que é o horário de pico das Damas e São Luís), para meu escritório que fica na Rua da Hora. Reparem que mais de 90% do percurso, estou margeando o Capibaribe! Esse é um fenômeno que percebo com vários outros percursos no meu dia-a-dia. E se eu pudesse fazer esse trajeto de barco? Imagine quanto tempo eu economizaria? Sem me estressar com o trânsito, que por consequência ficaria abrandaria. O potencial de navegabilidade do Capibaribe é altíssimo, não é à toa que possuem avenidas em nossa cidade, que se desenvolveram acompanhando suas curvas.

O Capibaribe sempre foi de extrema relevância para Recife: A cana era escoada dos engenhos por ele, o açúcar chegava ao porto, o remo era um esporte altamente cultuado, lavadeiras, casas de banho e pescadores que tiravam seu sustento de suas águas. O Rio não seria pura e simplesmente usado para transporte, seu potencial turístico é enorme, trazendo renda para nossa cidade e atraindo pessoas de todo o mundo para conhecer nossas belezas (Inclusive uma dica boa a Cacau de Paulo, para ela retomar essa pauta). O que será que falta para prosseguirmos? Impostos altíssimos já são pagos por todos nós, mas nosso dinheiro está indo apenas para mais infraestrutura, enquanto a já existente carece de manutenção.
Nossas esperanças estão voltadas para João Campos, nosso novo (em todos os sentidos) Prefeito, ele que também é morador de Casa Forte, e consecutivamente assim como eu, também um marginal do Rio Capibaribe. Espero que ele olhe para todas as vantagens que a navegação fluvial trará para nossa cidade, e o tremendo potencial que ela tem. Já foram investidos 74 milhões, custa investir mais 74?
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*Ricardo Bandeira de Melo cursa Direito, é Presidente do PRTB Jovem Pernambuco e estudioso de Ciência Política.