Do UOL — O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, em entrevista à Rádio Novas de Paz (PE), que tem vontade de privatizar a Petrobras e que conversará sobre o assunto com a equipe econômica. A declaração do presidente ocorreu em meio a reclamações de que ele tem poder limitado no preço do combustível, mas que é apontado como culpado a cada aumento do item.
“Eu já tenho vontade de privatizar a Petrobras, tenho vontade, vou ver com a equipe econômica o que a gente pode fazer, porque, o que acontece? Eu não posso, não é controlar, não posso melhor direcionar o preço do combustível, mas quando aumenta a culpa é minha. Aumenta o gás de cozinha, a culpa é minha, apesar de ter zerado o imposto federal”, afirmou o presidente.
A declaração vem após o ministro da Economia, Paulo Guedes, defender na véspera que o governo possa vender ações da petroleira estatal em momento de valorização dos papéis para distribuir parte dos ganhos à população mais vulnerável.
As ações preferenciais da Petrobras saltaram após os comentários de Bolsonaro, avançando 1,9% para R$ 30,20 reais no pregão da manhã de hoje.
Bolsonaro tem sido cobrado por opositores sobre o aumento do preço do combustível e reagido com críticas a governadores. Na entrevista de hoje, ele reafirmou a sua visão sobre o tema e disse que vê exagero nas cobranças
“Preço do combustível não está alto agora, sempre esteve alto, lembro do meu tempo de garoto. Agora, a Petrobras tem autonomia para isso, é uma empresa de economia aberta, na Bolsa do mundo tudo, uma interferência aqui arrebenta lá”, disse.
“Posso interferir na Petrobras? Posso, mas não devo. Se interferir, vou responder por crime de responsabilidade. Posso baixar para R$ 3? Até posso, mas é crime de responsabilidade”, completou.
Bolsonaro ainda disse que “seria bom se todo mundo ajudasse a economizar combustível” e que o preço no mercado externo está elevado. “Se a gente não pagar tem desabastecimento aqui”, disse.
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Aprovação de lei
Bolsonaro ainda elogiou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por sua atuação na aprovação de ontem do projeto de lei que altera a cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis. Os deputados ainda votarão os destaques, como são chamadas propostas de alteração. Em seguida, o texto segue para o Senado.
O projeto prevê uma alíquota específica fixa para os combustíveis. Hoje, o ICMS incide sobre o preço médio de venda desses produtos, que é coletado a partir de uma pesquisa nos postos a cada 15 dias. Apesar do percentual do imposto cobrado não ter sofrido alterações nos últimos anos, quanto mais alto o combustível na bomba, maior a arrecadação dos estados.
Bolsonaro disse que preferia que o projeto fosse aprovado na íntegra, mas que a sua implementação ajudará a combater o preço do combustível. “Ontem, a Câmara aprovou um projeto modificado, não era o que eu queria, mas vai ajudar. Uma vez passado no Senado a previsão é baixar 7% dos preço do combustível, mas é para abaixar muito mais”, disse.
A proposição, porém, não conta com a simpatia de boa parte dos governadores, que estimam que perderão R$ 24 bilhões. Em nota, o Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do DF (Comsefaz) disse que o projeto é uma medida paliativa e que a política de preços praticada pela Petrobras é a verdadeira responsável pelos preços altos praticados no país.

Alta dos combustíveis
No último sábado, a Petrobras aumentou os preços do gás e da gasolina. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o botijão de 13 quilos de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) chega a custar R$ 135 e a média geral do preço passou de R$ 98,47 para R$ 98,67. Desde março deste ano, o combustível já subiu cerca de 90%. O preço mais alto (R$ 135) é encontrado no município de Sinop/MT e o mais baixo (R$ 74,00) em Saquarema/RJ.
A gasolina, também reajustada neste sábado pela estatal, subiu em média 0,4% nos postos, com preços variando de R$ 4,690 (Cascavel/PR) a R$ 7,249 (Bagé/RS). No ano, a gasolina registra alta de 57,3%.