Por Ricardo Antunes — O cancelamento do Carnaval no Recife e Olinda deu lugar a uma outra polêmica: se os eventos de rua estão proibidos, por qual motivo as festas privadas serão realizadas? E os artistas pernambucanos como Almir Rouche, Anderson Rio, Quinteto Violão, Gerlane Lopes, Banda de Pau e Corda e tantos outros? Vão se apresentar onde? Como adequar a equação da festa popular que movimenta a economia do estado com os interesses da população e dos pequenos comerciantes que precisam trabalhar e não podem ter acesso às festas privadas?
E toda cadeia produtiva que se forma e gera empregos e renda para as camadas mais baixas da população que espera um ano para um evento como esse? Eles vão pagar a conta sozinhos novamente?
Não se fala em outra coisa nas redes sociais. Muita gente acha que tem que cancelar tudo e outros acreditam que, com regras e protocolos definidos, as duas festas podem ser feitas.

“Existe espaço para todos e podemos ter o carnaval popular em clubes de bairro. Isso atende a população, os artistas populares e os empresários” , afirmou ao blog o cantor Almir Rouche, que já estava com sua agenda cheia.
Ele não deixa de ter razão. As festas mais populares, com, obviamente, todos os protocolos de segurança, podem, sim, serem realizadas em clubes de bairro e seria uma forma de contemplar todos os setores dessa cadeia.
Os artistas e agremiações poderiam ter uma subvenção e apoio do setor público. O que é necessário é que todos os setores e atores do nosso maior evento, sentem para um grande entendimento.
Por sua vez, há quem acredite que a liberação das festas privadas não deve acontecer.
Agora há pouco, o vereador Rinaldo Junior (PSB) entrou com um pedido junto ao Ministério Público de Pernambuco para que os camarotes privados sejam imediatamente cancelados por conta do agravamento da gripe e da Covid-19.

Mesmo sendo vice-líder do PSB, ele disse que dará entrada numa Ação Civil Pública para impedir as festas. Sem consultar os outros colegas da bancada governista, o ato que irritou muita gente, principalmente pelo fato do vereador ter dado uma festa de 15 anos para a filha sem seguir nenhum protocolo sanitário.
“Acabamos de fazer uma representação ao Ministério Público de Pernambuco, a fim de que essa entidade se pronuncie a respeito dos carnavais privados, dos camarotes do carnaval do Recife”, afirmou.
Ele explicou que as redes públicas e privadas estão sobrecarregadas com a pandemia e isso está causando “saturação” na saúde do Recife e em todo o estado.
Em resumo, a polêmica está nas ruas da cidade e urge uma solução rápida que, repetimos, contemple todo mundo e não prejudique a maioria da população.
É isso.