Do G1 — Os vereadores do Recife protocolaram ao menos 23 requerimentos, entre 2021 e 2024, para que fossem realizadas obras, vistorias e manutenções na barreira que deslizou na madrugada de quinta (6), deixando mãe e filha mortas na Rua Córrego da Bica, no bairro de Passarinho, na Zona Norte da capital pernambucana.
Além da iniciativa dos parlamentares, no mesmo período, moradores do entorno fizeram pelo menos 136 pedidos de colocação de lonas plásticas para a região. Foram 247 solicitações nos últimos 10 anos, 11 delas apenas em 2025.
O deslizamento no Córrego da Bica aconteceu por volta das 4h da quinta. Às 6h30, os bombeiros encontraram entre os escombros os corpos da enfermeira Maria da Conceição Braz de Melo, de 51 anos, e da filha dela, a estudante de fisioterapia Nikolle Keli Melo de Souza, de 23 anos.
A TV Globo teve acesso aos requerimentos elaborados pelos parlamentares. Eles pediam que a Mesa Diretora da casa formalizasse reivindicações ao prefeito João Campos, ao presidente da Autarquia de Urbanização do Recife (URB), Luís Henrique Lira, ao secretário-executivo de Defesa Civil, Cassio Sinomar, e à presidente da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), Marília Dantas.
Dos 23 requerimentos protocolados pelos vereadores, nove foram elaborados por Ronaldo Lopes (PP), oito por Almir Fernando (PSB), quatro por Júnior Tércio (PP), um por Felipe Francismar (PSB) e um por Felipe Alecrim (NOVO), à época no Partido Social Cristão (PSC).
Todos os pedidos eram referentes a obras na Rua Córrego da Bica, em diversos trechos. Entre as demandas estão construção e reparo de encosta; contenção de barreira; construção de muro de arrimo e viabilização do “Projeto Parceria” – iniciativa para a construção de estruturas com material entregue pela prefeitura e mão de obra das próprias comunidades.
Em junho de 2022, um requerimento de Ronaldo Lopes solicitou “vistoria e construção de muro de arrimo na barreira perto de uma escola municipal”. Na justificativa, o vereador apontou que “devido ao risco de desmoronamento, os alunos estavam há três semanas sem aulas”.