Do Uo – O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), disse hoje no UOL Entrevista que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cometeu crime de corrupção no caso da Covaxin. Para o senador, o presidente ainda cometeu crime de prevaricação em relação às denúncias na negociação para compra da vacina indiana pelo Ministério da Saúde.
“Entendo (que o presidente praticou corrupção) e as suas digitais estão na mensagem, no telefonema que fez ao primeiro-ministro da Índia pedindo para reservar 20 milhões de doses de vacina. E depois o crime óbvio de prevaricação quando prometeu tomar providências com relação à investigação, depois dos irmãos Miranda terem dito que estava sendo feito isso e indicado a responsabilidade dessa negociação, que seria do líder do governo, deputado Ricardo Barros”, disse Renan.
O contrato de R$ 1,6 bilhão para aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin é alvo de investigação da CPI. Ele foi firmado com a indiana Bharat Biotech por intermédio da Precisa Medicamentos. De acordo com o documento, o governo federal pagaria por dose 50% mais caro do que o valor inicial da oferta, que era de US$ 10. O contrato só foi rompido depois de ter sido alvo da comissão.
O detalhamento da investigação, as circunstâncias, os elementos probantes, tudo isso leva a crer que ele (Bolsonaro) terá que ser responsabilizado sim por crime de corrupção e que isso deverá constar do relatório
A suspeita de prevaricação no caso da Covaxin por parte de Bolsonaro se deu a partir de notícias de que o deputado federal Luís Claudio Miranda (DEM-DF) afirmou ter informado ao presidente, em março, sobre um suposto esquema ilegal em torno da compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Segundo ele, durante a reunião, Bolsonaro disse que sabia que um deputado da base do governo estava envolvido no caso e que levaria a denúncia ao delegado-geral da Polícia Federal, o que não foi feito. Apenas em julho, após pedido da ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), é que a PF abriu um inquérito sobre o caso, investigando o presidente Jair Bolsonaro por prevaricação.
“Aliás, crime esse que deve ser repartido com o próprio general Pazuelo, que também não encaminhou providência nenhuma, absolutamente”, disse Rena, sobre o ministro da Saúde na época das denúncias.