Do G1 – O administrador Luciano Matias Soares, de 38 anos, que atropelou uma advogada de 28 anos durante um protesto contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), depôs à Polícia Civil, nesta terça-feira (5). O caso é investigado como tentativa de homicídio pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde ocorreu a ouvida, no Cordeiro, Zona Oeste do Recife. O motorista foi formalmente intimado pela Polícia Civil para prestar esclarecimentos. O advogado que o representa, Sérgio Gonçalves, esteve na sede do DHPP na segunda-feira (4), mesmo dia em que outras testemunhas foram ouvidas, e confirmou para a imprensa a convocação do cliente.
O atropelamento aconteceu no sábado (2), na Rua Martins de Barros, na região central do Recife. De acordo com testemunhas, Luciano dirigia um Jeep Renegade de placa QYJ2E95. Ele furou um bloqueio feito por manifestantes, atropelou e arrastou a advogada por alguns metros. Um vídeo mostrou o carro dele indo embora sem prestar socorro.
A mulher, que não teve o nome divulgado, sofreu um trauma na cabeça e passou por cirurgia no tornozelo. Nesta terça-feira (5), ela segue internada na Unidade de Terapia (UTI) Intensiva do Real Hospital Português, segundo a advogada Priscilla Rocha, que representa a vítima no inquérito. A unidade de saúde não divulga boletins sobre o estado da vítima a pedido da família.
O carro utilizado por Luciano no atropelamento chegou à sede do DHPP por volta das 9h30, mas só deve ser periciado na manhã da quarta-feira (6). O administrador entrou na delegacia às 10h20, acompanhado pelo advogado que o defende no processo.

O depoimento, que durou quase duas horas, começou por volta das 11h e terminou às 12h40. Luciano Matias Soares deixou o local sem falar com a imprensa, por volta das 12h40.
O advogado Sérgio Gonçalves disse, na saída da delegacia, que o depoimento foi tranquilo e que está convencido de que o atropelamento não foi intencional.
“Acredito que o delegado já tenha as imagens [de câmeras de segurança], o que me deixa mais tranquilo. Porque tendo os vídeos vai ficar mais fácil de analisar. Como ele é um delegado muito técnico, ele vai poder analisar, certamente vai ouvir outras pessoas, vai solicitar outras perícias para, no tempo certo, concluir a investigação”, afirmou o advogado.
O defensor disse, ainda, que o motorista do carro está abalado com o que ocorreu e que tem sido medicado com remédios psiquiátricos desde o dia do atropelamento. “Para ele, família e amigos, isso ainda é uma coisa que choca. Ele nunca teve nada que desabone sua conduta. Isso preocupa ele muito, mas ele falou toda a verdade. Não temos pressa, só queremos a verdade”, declarou.
No dia em que ocorreu o atropelamento, o administrador registrou um boletim de ocorrência por dano ao patrimônio (veja mais abaixo a versão dada pelo motorista sobre o caso). Nesta terça-feira, havia marcas no capô e na placa do veículo, que estavam amassados. O vidro do para-brisa estava quebrado do lado esquerdo.
Entre o sábado (2) e a segunda-feira (4), foram ouvidas oito testemunhas, segundo os advogados de defesa e de acusação. De acordo com Priscilla Rocha, que representa a vítima, uma nona pessoa, que também presenciou o atropelamento, deve depor nos próximos dias.
Luciano Matias Soares afirmou, no sábado (2), que o medo fez com que ele apertasse o acelerador do veículo, levando a advogada no capô do carro por metros até cair depois da estação de BRT Maurício de Nassau, na Avenida Martins de Barros, no bairro de Santo Antônio.
Ainda de acordo com o motorista, que nega ter atropelado a mulher intencionalmente, uma moto e outro carro furaram o bloqueio feito por manifestantes, mas quando ele foi passar, a advogada apareceu, batendo no capô do veículo dele.
Pessoas que estavam no local no momento do atropelamento deram um relato diferente do apresentado por Luciano (veja vídeo abaixo).
De acordo com as testemunhas, a vítima, junto com outras pessoas, estava tentando mediar a dispersão dos manifestantes, no momento em que foi atropelada.
‘







