Por Luisa Faria, do JC Online — O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem a sua gestão considerada ruim ou péssima por 49% da população recifense, segundo mostrou a terceira rodada da Pesquisa Ibope/JC/Rede Globo nesta quinta-feira (29). Esse percentual vem crescendo em relação aos últimos levantamentos: Na primeira rodada era 43% e na segunda, 44%. O percentual dos que o atribuem a gestão como ótima ou boa caiu oscilou negativamente de 30% para 28%. Já a parcela dos entrevistados que classifica o governo federal como regular também oscilou de 25% para 22%. Os que não souberam avaliar permaneceram no patamar de 1%.
O cientista político Arthur Leandro chama atenção para o fato das menores variações dos percentuais serem nas parcelas que consideram a gestão regular ou ruim/péssima. Esse fenômeno, segundo ele, demonstra uma constante entre os apoiadores do governo, e a oscilação decorrente da diminuição e eventual término do pagamento do auxílio emergencial.
“Há uma subida (aprovação) no momento em que o pagamento é feito na integralidade e uma retração no momento em que é suspenso. Então, Bolsonaro tem uma constância dos seus apoiadores mais fixos, que ainda está em um nível alto na capital e uma oscilação exatamente dessa parcela variável que tendia a melhorar a sua avaliação conforme o benefício estava sendo pago’, apontou o especialista.

Depois de falar, em agosto deste ano, sobre a sua posição de não apoiar nenhum candidato no primeiro turno das eleições municipais, o presidente disse na última quarta-feira (28) ter vontade de participar de forma ativa do pleito, mas questões financeiras para bancar viagens dificultariam isso.
Na eleição do Recife, vários postulantes procurar se apresentar ao eleitorado como o “candidato de Bolsonaro”, principalmente Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) e Coronel Feitosa (PSC). Já Mendonça busca outros tipos de associações, como o nome da sua coligação “Recife acima de Tudo” em alusão ao slogan de campanha de Bolsonaro “Brasil acima de tudo, Deus acima de Todos”. O candidato Carlos (PSL), do antigo partido do presidente, tem usado o número 17 no seu guia eleitoral para fazer uma associação com ele. Já a Delegada Patrícia (Podemos) acaba sendo associada a Bolsonaro, devido a sua pauta anticorrupção e ao discurso de direita, mas nas suas declarações busca não estabelecer uma relação direta entre o presidente e a sua candidatura.
“A avaliação negativa em relação ao governo Bolsonaro representa um teto importante a esse desempenho eleitoral da candidata Patrícia. O eleitor reprova mais Bolsonaro do que o prefeito Geraldo Júlio, o que tende a se refletir em benefício de João Campos”, avalia o cientista político Juliano Domingues.

Para o cientista político e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) Antonio Henrique Lucena, a rejeição de Bolsonaro respinga diretamente nesses candidatos, e tem relação com o voto útil. “A população não vota em determinado candidato porque ela é apoiada por beltrano e para que ele não se fortaleça no plano nacional, vota no candidato opositor. Isso é bastante claro, principalmente aqui no Recife, em São Paulo com o candidato Celso Russomano. O fato do slogan de Mendonça remeter ao slogan oficial do governo Jair Bolsonaro, isso prejudica. E esse processo de identificação que eles acreditavam que poderia trazer benefícios está trazendo malefícios porque boa parte da população rejeita o presidente da República”, disse.
Pesquisa
A terceira rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo foi realizada entre os dias 27 e 29 de outubro com 1.001 entrevistados. A margem de erro é de três pontos percentuais máximos para mais ou para menos. O nível de confiança, ou seja, a probabilidade dos resultados retratarem o atual momento eleitoral, é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) sob o protocolo Nº PE 00353/2020.







