Do g1 – Pela primeira vez em seis anos, Pernambuco registrou uma diminuição nas mortes em decorrência de intervenção policial. O resultado se refere ao ano de 2024 e foi divulgado nesta quinta-feira (5) pela Rede de Observatórios de Segurança.
Mesmo com redução, o relatório “Pele Alvo: crônicas de dor e luta”, indica que pessoas negras continuam sendo os principais alvos. Elas representam 92,6% das vítimas. Da mesma forma, os jovens são quem mais morre pelas mãos da polícia. Segundo a pesquisa, 63,2% deles tinham até 29 anos.
O”Pele Alvo” compilou dados divulgados pelas secretarias de segurança dos estados e órgãos afins, por meio de solicitações via Lei de Acesso à Informação. A pesquisa foi feita em nove estados: Amapá, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
Nesses nove estados, foram 4.069 mortes por intervenção policial. A Bahia tem o pior cenário, com 1.556 casos. O Piauí tem o menor número, com 25 óbitos.
Segundo a cientista social Edna Jatobá, coordenadora da Rede de Observatório da Segurança em Pernambuco, a redução de mortes por intervenção da polícia no estado pode ter a ver com casos emblemáticos em que os agentes da violência policial foram punidos.
Um desses casos é o da chacina de Camaragibe, em 2023. Na época, o vigilante Alex da Silva Barbosa matou dois PMs num confronto. Por vingança, policiais militares executaram ele e mais cinco parentes, incluindo a mãe, esposa e irmãos do atirador.
Os policiais responsáveis pela chacina foram denunciados pelos assassinatos e tortura. “Nesse caso, o Ministério Público atuou com pulso firme e foi além dos indiciados no inquérito civil. Também foi indiciada a cadeia de comando, e isso dá uma resposta aos maus policiais que estão presentes e se organizam para matar, sob o mando da impunidade. Isso passa um recado para a tropa, de que não dá para fazer como estavam fazendo, porque serão pegos”, disse Edna Jatobá.
Outro caso citado pela cientista social é o júri de dois PMs envolvidos no assassinato do jovem Marcos Laurindo da Silva, morto dentro de casa, aos 21 anos, em 2013. O crime aconteceu na comunidade Bola na Rede, no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife.
O rapaz estava bêbado e foi abordado por dois PMs. Após abordagem inicial, Marcos entrou correndo dentro de casa, sendo seguido. Dentro da residência, um policial disparou três tiros à queima-roupa contra a vítima, que morreu no local, em frente aos pais e a uma criança de dois anos.
“Quando o sistema de Justiça dá resposta e o Ministério Público exerce o controle externo e existe a pressão social, a gente pode observar que os fatores combinados podem reduzir essas mortes. São casos emblemáticos que não ficaram por isso mesmo”, declarou.









