Por Ricardo Antunes – Numa entrevista ao site Jornal Opção, o deputado e médico Zacarias Callil (GO) fala de políticas de saúde pública, avalia o cenário político atual e diz que a União Brasil é o partido mais cobiçado do momento, e que o deputado federal Luciano Bivar (PE) deveria ser candidato a presidente. Confira os principais trechos da entrevista:
Euler França de Belém – Qual continua sendo o maior problema da saúde no Brasil?
Falta de investimentos. Durante a pandemia houve grandes investimentos, mas também houve grandes desvios. O dinheiro há, mas não chega na fonte. A vontade política, no período de pandemia, ela existiu. O recurso ele há. O presidente já mostrou que gastou bilhões, mas às vezes não chega.
“Entrei na política para conseguir
colocar esse Hospital da Criança
em funcionamento”
Um exemplo é a tabela SUS. Hoje um médico que recebe pela tabela SUS não consegue abastecer o carro. O SUS é excelente, mas tem que ter um reajuste. Já faz anos que não há. Os hospitais não dão conta mais. Os medicamentos estão com valores nas alturas.
Euler de França Belém – Como fica a pandemia a partir de agora?
Quando se começa a vacinar os mais jovens há uma melhora significativa. O jovem é o economicamente ativo. A vacinação avançou, foi diminuindo a carga virótica, inclusive com as crianças. Com isso o vírus recuou. Mas eu digo que essa vacina veio para ficar. Ela será permanente e fará parte do calendário anual.

Euler de França Belém – O senhor não acha que durante um período o Bolsonaro foi prejudicial à saúde?
Prejudicial não. Ele liberou as compras da vacina. Concordo que houve atrasos. Como médico e cientista não posso falar que a vacina não tem efeito. É claro que tem. Mas cada um tem seu ponto de vista.
Mas sendo o presidente de uma nação, faltou o estímulo para população ir se vacinar. A partir do momento que se começou a vacinar a pandemia começou a diminuir. O governo fala em mudar par endemia.
Euler de França Belém – Por que o senhor é bolsonarista?
Eu sou da direita. Não sou bolsonarista. Voto com o governo nas ações que são benéficas para o país. Mas não levanto bandeira. Trabalho do lado do bom senso e da minha consciência. Julgo-me médico e político. Sou sério e estudioso. Minhas posições são independentes, mas sou da direita. Oposição tem falhas.
Euler de França Belém – No primeiro turno o senhor vai ficar neutro ou vai apoiar Bolsonaro?
Tivemos uma reunião entre os deputados e senadores do União Brasil. Defendi que temos que ter um candidato. Somos uma dos maiores partidos hoje no Brasil. Temos um tempo de TV grande. O Fundo Partidário e Eleitoral. Qual a justificativa de no primeiro momento apoiar Bolsonaro ou Lula? Temos que ter candidato próprio.
“Não sou obcecado pelo poder
se eu perder, vou para casa”
Não podemos deixar esse patrimonio que o partido tem fora. A população também pede um terceiro candidato.
Euler de França Belém – Por que todos esses partidos não se juntam para apoiar Eduardo Leite [PSDB, ex-governador do Rio Grande do Sul]?
Não penso assim, acho que temos de ouvir todo mundo. Eu parabenizei o Bivar [deputado federal Luciano Bivar (PE), presidente do UB], porque estamos sendo ouvidos. Os deputados estão sendo ouvidos (enfático). A coisa não está chegando de cima para baixo, somos donos de nossas bases eleitorais e temos de ter voz ativa no partido.
Marcos Aurélio Silva – O senhor tem restrições quanto ao nome de Sergio Moro?
Não tenho nada contra, o acompanhei quando ele foi ministro, o respeito demais, mas vejo que ele demorou muito para se encontrar. E como votar nele sabendo que ele não fez uma coisa correta e que levou à nulidade de um processo como o de um ex-presidente? E ressalvo: não estou aqui defendendo Lula, não.
Euler de França Belém – E o que o senhor pensa do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta?
Mandetta cresceu muito em popularidade depois que saiu do ministério. Depois estabilizou e hoje parece que está um pouco desestimulado. Existem vários nomes, na vida tudo é risco. Vamos pensar no nome de Bivar. Vamos lançá-lo? Por que não? Vai ganhar? Não dá para saber, mas a gente entra para ganhar, até porque ninguém sabe o nome de quem é vice.
Euler França de Belém – Por que o senhor quer o Senado, em vez de continuar na Câmara? Até porque, para os partidos, os deputados acabam sendo mais importantes do que os senadores, em termos de tempo na TV e fundo eleitoral.
Eu sempre digo que, na vida, temos sempre de progredir. O senador tem um perfil diferente do perfil do deputado.







