OPINIÃO, Por André Beltrão — Um episódio lamentável foi registrado na convenção que homologou a candidatura de Miguel Coelho (União Brasil) ao Governo de Pernambuco. O ex-vereador de Petrolina, Cícero Freire, agrediu a repórter da Folha de Pernambuco, Pupi Rosenthal. O episódio foi repudiado pelo Sindicato de Jornalistas de Pernambuco (Sinjope) e pela Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), e pelo próprio candidato majoritário.
Em nota, Miguel Coelho afirmou que qualquer tipo de violência “é inaceitável, menos ainda a uma jornalista mulher que cumpria apenas seu trabalho”. “Em horas assim é preciso se posicionar com firmeza. Repudio totalmente tamanha agressão e ao mesmo tempo reforço minha solidariedade a Pupi Rosenthal e todas as mulheres e profissionais da imprensa que indiretamente se sentiram agredidas ao ver a cena lamentável”, diz a nota.
A tal posição de firmeza, aparentemente, não significa coerência. Afinal, na mesma convenção foi homologada a candidatura do apresentador Denny Oliveira a deputado federal. Denny foi condenado em primeira instância a 15 anos de prisão pelos crimes de estupro contra duas meninas e atentado violento ao pudor contra outras três, em 2010.

No ano seguinte, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) elevou a pena para 24 anos. Denny recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reduziu a pena para sete anos em regime semiaberto, em setembro de 2014. O detalhe é que o STJ o condenou por atentado violento ao pudor, mas não por estupro.
Na convenção, o apresentador lembrou o jargão “Alô, Denny” e fez um discurso em prol da causa animal. Voltando a Cícero Freire, ele se elegeu vereador de Petrolina em 2016 na coligação de Miguel Coelho, e passou os quatro anos como aliado do prefeito, mas não se reelegeu em 2020.
Sem dúvida, é no mínimo uma grande infelicidade de Miguel ter dois aliados como Cícero e Denny, mas apenas um deles foi, ao menos aparentemente, limado.
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