Da Redação do Blog — Essa semana a notícia de que um menino autista de 8 anos foi obrigado a comer fezes seus seus “colegas (e algozes)” de uma escola em Jaboatão dos Guararapes viralizou. Hoje, no Recife, uma estudante com autismo, Larissa Ebrahim Dowsley ,10 anos, supostamente foi trancada em um bicicletário da Colégio Terceiro Milênio, no bairro do Espinheiro, enquanto enfrentava um momento de crise. (Veja o vídeo abaixo)
O vídeo da menina gritando é triste de ver. A mãe, Ane, ouviu da escola particular a frase “não traga sua filha quando ela estiver desorganizada assim não, ela está agredindo os funcionários”.
O despreparo da escola regular inclusiva para atender estudantes atípicos e neurodiversos, principalmente autistas é refletido em episódios como estes.
Muitos casos são constantemente desabafados entre as mães nos grupos de whastaap que montam entre elas para minimamente umas apoiares as outras, uma vez que não existe rede de apoio ou suporte para este tipo de problema. A mãe nem sempre é acolhida na escola e está exausta de peregrinar atrás dos órgãos de controle como Defensoria Pública ou Ministério Público de Pernambuco para fazer uma denúncia formal, que muitas vezes já foi feita e não deu em nada.
A abertura de um inquérito público é um processo moroso, devido a quantidade de denúncias que estão abarrotadas nas mesas da Defensoria Pública Estadual e nas promotorias de Direitos Humanos e Educação. Simplesmente os órgãos não dão conta e a pauta caminha a própria sorte.
Meses atrás, um vídeo viralizou com uma mulher se fingindo de autista no Shopping RioMar, fazendo chacota. A pergunta que fica é: quando a sociedade civil e gestores passarão a discutir a temática da deficiência intelectual e transtornos com seriedade, com entendimento e respeito às diferenças e discutindo práticas inclusivas para criar de fato uma identidade inclusiva para todos?
Estamos no Setembro Verde, mês de luta que marca o dia 21 como o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiências. Larissa é uma delas. Mas sua deficiência intelectual a incapacita de lutar por ela mesma. Aos dez anos ela ainda curte Patati Patatá. Ela é amorosa e alegre. A escola deveria ser uma experiência social positiva pra ela.
Que a sociedade possa lutar por tantas Larissas e se capacitem para acolher pessoas com deficiência intelectual. Que os pais eduquem seus filhos. Que exista punição. Que o mundo se transforme para que Larissa possa se sentir segura e feliz em ir pra escola.

ESSE É O DEPOIMENTO QUE A MÂE POSTOU NO ZAP
“No dia de ontem, 16 de setembro de 2020, aconteceu algo inadmissível com minha filha de 10 anos, que está no Transtorno Espectro Autista quando meu marido foi buscá-la na escola. Ele encontrou nossa filha sentada no chão do bicicletário da escola chorando muito e altamente desorganizada e gritando “não, não, não Faça isso… por favor… Larissa estava nesse espaço com duas grades fechadas e sendo o portão de grade segurada por uma funcionária.
Quando viram meu marido, de imediato abriram a grade. Ele tirou foto dessa situação horrenda e filmou para me mostrar, pegou nossa filha e nosso filho que também é Autista e saiu da escola. Cheguei em casa do trabalho e minha filha estava chorando muito.
Quando isso vai acabar?
Quando as nossas crianças e jovens Autistas vão deixar de ser invisíveis? Quando as escolas vão fazer de conta que não existe o direito de todo Autista? Afinal essa Lei é de 2012. Fui no Conselho de Educação na Av. Rui Barbosa e disseram que eles não podem fazer nada que eu procure a Secretaria de Educação.
Acredito que o nosso Poder Publico quer que nós Mães fiquemos como sempre. Caladas e omissas… São crianças que estão sofrendo com a falta de preparo e punições das escolas que chegam para uma Mãe que escuta para não levar seu filho para escola quando ele estiver agitado pq está agredindo os funcionários.
Foi exatamente isso que escutei da Diretora da Escola Terceiro Milênio quando fui ouvir a versão deles. Isso não pode continuar assim. Eu como Mãe de duas crianças Autistas vou brigar pelos meus filhos sempre e mostrar que nenhum Autista pode ser tratado dessa maneira.”
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