Por Ricardo Antunes — Com duas derrotas majoritárias consecutivas em dois anos, Marília Arraes (Solidariedade) conhecerá a “planície” pela primeira vez desde que entrou na vida pública, em 2008. Com três mandatos seguidos de vereadora e mais um como deputada federal, ela estará sem cargo público a partir de fevereiro de 2023. E com uma aura negativa de quem fica desgastada até para liderar a oposição.

A vitória de Raquel Lyra vem quatro anos após Marília encampar o discurso do vitimismo, de quem foi limada pelo PT em 2018 para apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). Marília, então vereadora, foi candidata a federal naquele ano, sendo a segunda mais votada do estado. Aproveitou o recall e disputou a Prefeitura do Recife, contra a vontade de uma ala do PT, que queria manter a aliança com os socialistas.
A derrota para João Campos (PSB) e o corpo mole dos correligionários a fizeram deixar as hostes petistas neste ano, quando se filiou ao Solidariedade, um partido pequeno e que encolheu ainda mais nas urnas. Apesar de eleger a irmã Maria como federal, Marília não conseguiu uma votação expressiva, e provavelmente terá que mudar de sigla, pois o SD não bateu a cláusula de barreira, só elegendo quatro representantes na Câmara dos Deputados.
Do vitimismo à segunda derrota majoritária consecutiva, Marília terá que dar passos para trás. Sem mandato, dificilmente terá algum êxito na próxima disputa municipal. Terá que galgar terreno, encontrar um partido para chamar de seu e fazer novas movimentações. Difícil para alguém com tamanha egolatria que vem de berço conseguir agora pisar no chão, mas a mergulhada terá que ser duradoura para ela. Terá de ver Raquel Lyra dar os primeiros passos como governadora sem muito lugar de fala. Sem uma bancada forte, sua relevância não será tão notada nos primeiros meses do novo governo. Ela terá que se acertar para definir o caminho a tomar, para não enterrar o arraesismo que há 60 anos se faz presente em Pernambuco.







