Por Ricardo Antunes
Ex-governador, ex-prefeito e candidato a senador na chapa do governador Paulo Câmara (PSB), o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) sempre foi um dos quadros mais respeitados do país. Ao jogar fora sua coerência, apenas de olho em seu projeto pessoal, Jarbas Vasconcelos revela por qual motivo os políticos estão na mesma vala comum: A velha política ficou podre e o mau cheiro exala um odor insuportável.
Ele já havia feito o mesmo depois de levar uma surra histórica de Eduardo Campos (PSB) em 2010. Depois de chamar o ex-governador de responsável pelo chamado “escândalo dos precatórios” não teve o menor pudor para se aliar ao socialista em 2014 e apoiar a candidatura presidencial de Campos.
Campos era o neto de Miguel Arraes a quem Jarbas também esculhambava na imprensa. Quando voltou do exílio em 1979, Miguel Arraes, achava que seria o candidato natural ao Governo de Pernambuco em 82 mas Jarbas vetou seu nome e impôs o do senador Marcos Freire (PMDB) que acabou sendo derrotado. Em 86, Arraes se tornaria governador retomando o mandato tomado pelos militares pelo golpe de 1964.
A aproximação com “Dudu”, a quem apoiou na breve candidatura a presidente em 2014, o fez indicar o “apagado” Raul Henry (PMDB). Sem voto algum para se reeleger deputado ele virou vice governador na chapa de Paulo Câmara (PSB) que terminou ganhando a eleição por conta do fatídico acidente que vitimou Campos.
Em 2012, já do lado do PSB, Jarbas Vasconcelos recebeu um aviso das urnas. Mesmo com poder, prestígio e a força do então governador Eduardo Campos, não conseguiu fazer o seu filho vereador da cidade do Recife para surpresa de todos.
“Jarbinhas”, no entanto, não ficaria ao relento. Então com apenas 22 anos virou “gerente de articulação” de uma secretaria na prefeitura do Recife.
O “escândalo” do apadrinhamento e do compadrio que tanto criticava no primeiro Governo Eduardo Campos ( e nos governos petistas) ganhou o país e mais uma vez o discurso “sério” e “sizudo” de Jarbas virou pó. Como qualquer político Jarbas queria mesmo era uma “boquinha” para a família.

Coube ao prefeito Geraldo Júlio, então na sua primeira gestão, explicar que o cargo do filho de Jarbas Vasconcelos era um “cargo comissionado”, como se isso significasse alguma coisa diferente do que “indicação política” – na verdade um eufemismo que os políticos dão para justificar o “toma lá da cá”.
“É um cargo comissionado não exige qualificação específica e Jarbinhas tem o perfil adequado para a função.Ele vai trabalhar junto aos Compaz (Centros Comunitários da Paz), com a população jovem, e essa é uma característica que ele tem”, tentou explicar o prefeito, na ocasião, em visível constrangimento. Era tarde. Os grandes jornais como Folha de São Paulo, O Estadão (confira a matéria) e O Globo deram a matéria. Jarbas estava novamente nu.
Antes do recente imbróglio com o senador Fernando Bezerra Coelho, Jarbas dizia que o senador era um “político de dimensão com serviços prestados a Pernambuco”. ” A sua entrada no partido vai nos honrar”, dizia ele. Depois que FBC resolveu” brigar” pelo PMDB passou a ser chamado de “político mesquinho e mau caráter”. Coelho deu o troco. Numa carta aberta expôs um a um todos os erros, as incoerências e modo raivoso de fazer política do ex-governador.
Agora, ao ser criticado pelo deputado federal Daniel Coelho (PPS) que se disse “decepcionado” com a decisão, Jarbas não se fez de rogado e foi para o ataque. Em nota enviada aos jornalistas disse que Daniel “troca de partido como quem troca de roupa”.
O deputado foi a tréplica e Jarbas saiu de novo humilhado. “Não me rendi a Eduardo por conveniência e não vou me render ao PT por oportunismo. Não vou bajular Lula nem Humberto por medo de perder a eleição”,
A linguagem do ex-governador, pobre, chula, tosca até, só nos mostra apenas uma coisa:
O tempo de políticos como Jarbas Vasconcelos já passou. Ele pode até chamar isso de “aliança programática” mas ao decidir subir no palanque do PT e pedir votos para Humberto Costa ( a quem também atacava ferozmente até o começo do ano) o deputado pernambucano mostra que o nome mais apropriado para sua decisão é o “cinismo” mesmo.
Junto com a falta de vergonha na cara de querer surfar na onda de popularidade de Lula no Nordeste.






