Por André Beltrão – No ano de 2002, Mariângela Ulisses recebeu um TPU (Termo de Permissão de Uso do Solo) no bairro de Floresta Nova, em Fernando de Noronha. Como nascida e criada na Ilha, este era um direito seu. O terreno serviu de morada para ela e sua família até 2016, quando, por sugestão do empresário Paulo Fatuch, decidiu começar um negócio no local. Fatuch é dono do famoso Bar do Meio, em Noronha, além de ser sócio informal de diversas pousadas, geralmente representado por sua esposa, Beatriz Belich.
Primeiro, o plano era abrir uma lavanderia, mas depois, por intermédio do ator Bruno Gagliasso, sócio informal de Fatuch em outros negócios, surgiu a ideia de abrir uma pousada, a exemplo dos outros empreendimentos do artista na Ilha, como citado em reportagem recente da Revista Crusoé. O projeto começou a ser executado em 2016, com uma sociedade formada por Fatuch, Mariângela e Gagliasso. Além da pousada, estava previsto no contrato que houvesse um lugar para a permissionária residir junto com sua família, como acontecia originalmente.
O ator não tardou em sair da sociedade, já Fatuch permaneceu, ainda que representado pela esposa. No entanto, logo começou a pandemia de covid-19, em março de 2020, as coisas começaram a desandar. O companheiro de Mariângela, Anderson Lira, que também a acompanhava nos negócios, contou, em entrevista para o Blog, que ele e a esposa estavam fora da Ilha quando começou os lockdowns, e por isso ficaram impedidos de entrar em Noronha por um tempo.
Anderson então acompanhava os andamentos da obra por meio de troca de mensagens com Agatha Tavares, na época funcionária, hoje a Administradora da Pousada Timoneiro, de acordo com informações da Junta Comercial. “Sempre perguntava, mas e aí, onde é que vai ser o espaço da gente, pra gente morar? E eles desconversaram.”
Anderson conta ainda que desde a entrada dos outros sócios na operação, sentia algo de estranho. Paulo Fatuch sugeriu a entrada de mais uma pessoa na sociedade, Ricardo Rossi, um empresário de outro estado. Já no contrato original, que previa o uso do TPU para o empreendimento, havia coisas insólitas que o casal, por ingenuidade, não notou. “Havia uma cláusula que dizia que a gente, que tinha 33% de tudo, depois de um certo tempo seríamos obrigados a vender uma parte e ficar só com 5%”.

Depois que acabou o período de lockdown, Anderson foi para a Ilha e, assim que chegou lá, foi direto ver como estava a pousada. O resultado foi que estava tudo pronto, só que não havia lugar para ele e Mariângela. O rapaz conta que se instalou em um dos quartos, e lá ficou. “Fizeram de tudo pra eu sair, desligaram a luz, cortaram a água, eu ficava lá cozinhando. Precisou ele (Fatuch) entrar na Justiça, e aí depois de uma Ordem Judicial chegaram as viaturas, o oficial de justiça, aí eu saí”.
Mas além de determinar a saída do “hóspede”, o juiz também determinou que a residência para Mariângela e Anderson fosse construída, como acordado, o que nunca chegou a acontecer. “Eu fiz a minha parte, quando mandaram eu sair. Porque ele não faz a dele?”, indaga Anderson.
O permissionário também aproveitou para rebater as informações dadas pelos outros sócios à reportagem da Revista Crusoé, de que Mariângela foi a administradora do negócio até 2021. Anderson disse “que é o tipo da coisa que acontece apenas no papel”, porque na prática, tanto pela incapacidade técnica e financeira de tomar a frente do negócio, quanto por estar fora da Ilha durante o período, o casal estava impossibilitado de administrar a Pousada. “O responsável técnico por tudo era Paulo Fatuch”, completou.
Hoje Anderson Lira mora em Fernando de Noronha graças a uma ajuda de seu empregador, dono de uma empresa de mergulho na Ilha. Já Mariângela está morando com a família e os filhos numa casa em Gravatá, esperando a questão se resolver.









