Por Ricardo Antunes
Jesus Cristo foi o Messias e Salvador, segundo os cristãos, foi Pop Star no filme inglês de 1973 ( na verdade, uma adaptação cinematográfica da ópera rock de Andrew Lloyd Webber/Tim Rice de mesmo nome) e, agora, é “travesti, transexual e bicha”.
Não fosse o claro intuito de “provocar” a manifestação poderia ser considerada com expressão de uma opinião. Embora em local inadequado, pois a praça é do povo e a maioria do povo não concorda com a tese. A maioria da cidade também não. A maioria da população brasileira também não.
E você sempre tem a possibilidade de fazer sua “arte” em um teatro. Paga-se o ingresso quem quer ver a tal “arte”. Quem aprecia o tema. Minorias tem o direito de serem respeitadas e de conviver, lado a lado, com quem pensa diferente delas.
Mas a minoria não pode querer ser a maioria. É aí que a coisa complica, é aí que a “esquerdinha” erra e sai do ponto. Com o dinheiro público, de todos nós, pior ainda.
Não é por achar que não é nada demais eu andar nu pela avenida paulista que vou fazê-lo nessa segunda feira, fria por sinal. Existe limite para tudo.
Imagine insultar Maomé dentro de um templo lotado de fiéis muçulmanos?Passar com a camisa do Fla no meio da torcida do Flu no maracanã lotado?
O objetivo por trás da manifestação, no entanto, todo mundo sabe. E tudo que é feito com muito marketing para alcançar mais dinheiro e vender mais popularidade e, de gosto duvidoso, eu mesmo não gosto.
Debate aberto.
Confira, abaixo, a nota de repúdio da Prefeitura de Garanhuns sobre a polêmica do Festival de Inverno desse ano.
“Vimos a público manifestar nosso repúdio às apresentações ofensivas e desrespeitosas que aconteceram nesta cidade durante a realização do 28º Festival de Inverno de Garanhuns. Aceitar esse tipo de apresentação é compactuar com o desrespeito.
Todos os anos assistimos apresentações belíssimas durante o Festival de Inverno, verdadeiras manifestações culturais, e que atraem turistas do Brasil inteiro.
No entanto, determinados acontecimentos vivenciados durante o 28º Festival de Inverno de Garanhuns têm diminuído a grandeza do evento. Artistas sem postura, desrespeitando seus próprios fãs e os cidadãos de Garanhuns, proferindo todo tipo de palavrões e hostilidade.
Manifestações e importantes debates no que diz respeito aos direitos de liberdade de expressão e liberdade de crença foram enaltecidos em Garanhuns nos últimos dias. Para nossa tristeza, alguns artistas se utilizaram desses mesmos direitos para fazer apologia à violência e à segregação.
Ontem, testemunhamos, perplexos, manifestações nocivas do cantor Johnny Hooker que proferiu palavrões, insultos e provocações contra símbolos religiosos. Reconhecemos que não se trata de um acontecimento isolado, infelizmente, durante a mesma semana, tivemos Daniela Mercury com o mesmo discurso de senso comum, simplista e arrogante.
Cantores – pagos com dinheiro público – que se preocupam mais em ofender pessoas e a religião alheia do que com sua música (que é o que realmente importa), não merecem respeito e tão pouco admiração, mas desprezo.
Não podemos compactuar com práticas discriminatórias, nem com ofensas, seja em relação a gênero, orientação sexual, etnia, religião, ou qualquer outro tipo. Tentar impor uma perspectiva como sendo absoluta é epistemologicamente impossível.
Atentos a tal constatação, manifestamo-nos em completo repúdio a todo tipo de violência, seja direta, indireta, física, verbal, psicológica ou simbólica presenciadas durante o 28º Festival de Inverno de Garanhuns. Esperamos que esses episódios lamentáveis não caiam no esquecimento, mas que sirvam para lembrar que nós garanhuenses estamos aqui, merecemos respeito e um festival de qualidade.
Izaías Régis Neto – Prefeito de Garanhuns – PE”






