Da redação do blog — O sargento Luis Marcos dos Reis, suspeito de retirar dinheiro em caixas eletrônicos para pagar despesas de Michelle Bolsonaro, realizou depósitos de pouco mais de R$ 70 mil para o tenente-coronel Mauro Cid, que atuava como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Essa informação foi revelada em um relatório do Coaf enviado à CPI que investiga os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.
Os depósitos ocorreram entre julho do ano passado e janeiro deste ano. O sargento Dos Reis trabalhou diretamente com Bolsonaro e Mauro Cid desde o início da gestão do ex-presidente até agosto de 2022, quando foi transferido para o Ministério do Turismo. Durante a gestão Bolsonaro, o sargento recebeu uma série de transferências de uma empresa com contratos públicos, de acordo com investigações da Polícia Federal.

A suspeita é de que o sargento sacava o dinheiro e usava para pagar despesas do cartão de crédito utilizado por Michelle Bolsonaro. Além disso, foram identificados 12 depósitos na conta de uma tia da então primeira-dama.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, justificou a quebra de sigilo dos envolvidos, argumentando que o caso contém indícios de desvio de dinheiro público. Entre os achados das investigações estão pagamentos, usando o dinheiro de um caixa informal gerenciado pelo tenente-coronel Mauro Cid, das faturas de um cartão de crédito em nome de uma amiga próxima de Michelle Bolsonaro, utilizado para cobrir despesas da ex-primeira-dama.
No relatório do Coaf, o nome e o RG de Michelle Bolsonaro aparecem três vezes associados às movimentações financeiras do ex-ajudante de ordens. No entanto, o relatório não detalha o tipo de operação realizada nem os valores envolvidos.

Quando surgiram as suspeitas em maio, a defesa de Michelle negou veementemente qualquer envolvimento. O advogado Fábio Wajngarten, que chefiou a Secretaria de Comunicação na gestão Bolsonaro, afirmou que já explicou sobre as transações e considerou o material como “requentado”. Ele também ressaltou que Michelle não conhece o sargento Dos Reis e não tem conhecimento de pagamentos feitos por ele em seu nome.
Além disso, o sargento Dos Reis foi preso em maio sob suspeita de envolvimento na falsificação dos certificados de vacinação de Bolsonaro, em uma operação realizada pela Polícia Federal. Ele também participou das invasões às sedes dos Poderes, e a PF encontrou diálogos em que o sargento narra os atos golpistas.