Por Redação – A revista ISTOÉ que foi às bancas nesta semana diz que “a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tem sido utilizada há pelo menos dois anos para proteger os interesses de grandes empresas do setor de transporte interestadual de passageiros”. Segundo a revista, “desde a chegada de Rafael Vitale Rodrigues ao cargo de diretor-geral, com a aprovação do Senado, a autarquia vive um clima de guerra entre os técnicos e diretores, muitos deles nomeados graças à pressão política de senadores ligados ao cartel de companhias que dominam o segmento e são protegidas pelo grupo liderado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)”.
O texto afirma que “o senador é herdeiro de duas empresas do setor, a Viação Real e a Viação Santa Rita, ambas com sede em Minas Gerais, e que seriam beneficiadas pela ANTT, inclusive com o “engavetamento” de multas”.

Segundo a revista, “o diretor-geral da ANTT foi indicado para o cargo por Gustavo Sabóia, secretário-geral da Mesa Diretora do Senado e homem de confiança de Pacheco”. Ainda de acordo com a ISTOÉ, “desde que assumiu a direção da agência, Vitale promove uma série de manobras para evitar a aprovação de um Marco Regulatório que resulte na abertura do mercado”, o que prejudicaria diretamente Pacheco, as empresas ligadas a ele e as companhias que dominam o setor há décadas. O comportamento de Vitale fez com que ele virasse alvo de um pedido de abertura de inquérito feito pela associação de servidores da ANTT.
Diz ainda a ISTOÉ que, além de atuar contra a ampliação da concorrência do setor, defendendo os interesses do presidente do Senado, Vitale foi condenado em 2009 por atropelar e matar um ciclista e tem sido questionado na agência em relação a gastos com viagens pelo Brasil e no exterior com dinheiro público.

Vitale, lembra a ISTOÉ, chegou ao cargo depois de uma ampla disputa entre o grupo liderado por Pacheco e Gurgacz contra o do então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, no governo Bolsonaro, que defendia a nomeação do diretor Davi Barreto para a direção-geral da ANTT, em função do seu perfil mais voltado à liberação do mercado, o que contrariava o grupo dos senadores. O nome de Barreto para a diretoria-geral passou na Comissão de Infraestrutura do Senado, um passo anterior à votação no plenário, mas seu nome ficou na geladeira por mais de seis meses. Segundo a publicação semanal, “o mais estarrecedor é que, durante esse período, Barreto bem como a sua família chegaram a sofrer ameaças de morte de representantes do setor – um inquérito para apurar o caso foi aberto pela PF a pedido do Ministério da Infraestrutura”. Depois de segurarem a sabatina com ele, os senadores forçaram a troca do nome de Barreto pelo de Vitale.