Por André Beltrão — Envolvidos na conhecida “farra dos Camarotes Exclusive” no São João de Caruaru deste ano, denunciada com exclusividade pelo blog, os empresários Augusto Accioli e Felipe Carreras, acusaram o golpe, como se diz na gíria popular.
A dupla entrou com uma queixa-crime na Justiça, alegando ter sido alvo de calúnia, difamação e injúria, quando o site publicou uma série de reportagens sobre as ilegalidades praticadas pela empresa Festa Cheia no São João de Caruaru. Um processo marcado pela intervenção judicial e pela falta de licitação e transparência.

Nos documentos enviados ao Judiciário, os empresários apontam reportagens publicadas pelo site, nas quais são feitas as denúncias de irregularidades. A dupla da Festa Cheia, no entanto, se esqueceu de informar que as matérias foram feitas a partir de informações do próprio Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e ainda da própria Prefeitura de Caruaru.
Acioli e Carreras não disseram ao Judiciário, por exemplo, que o Ministério Público abriu um inquérito civil para investigar os motivos pelos quais a Festa Cheia conseguiu o espaço no Pátio de Eventos de Caruaru, para montar os camarotes, sem passar por licitação. Também não falaram que pagaram apenas R$ 220 mil para a Fundação de Cultura da Cidade, comandada por Rafael Martiniano, ex-funcionário da empresa.
Outro fato que não foi informado pela dupla é que foi o MPPE que pediu ao Judiciário a suspensão da venda dos camarotes. Essa comercialização, por sinal, começou a ser feita antes mesmo que os órgãos de controle aprovassem essa atividade. Pode isso?

Além disso, a promotoria detectou que o valor pago pela Festa Cheia para usar o espaço público era bem menor do que o pago por pequenos comerciantes, quando se tratou de preço por metro quadrado. Por isso, pediu à Justiça que esse valor fosse revisto.
Na tentativa de intimidar os jornalistas, Carreras e Acioli afirmam na petição, assinada pelos advogados Jório Valença e Marcio Basto, que o site “ofendeu a honra da Justiça pernambucana”, quando falou sobre a relação entre o juiz responsável pelo caso e um dos diretores da Fundação de Cultura de Caruaru.
Na verdade, o juiz Adelmo Pereira, citado pelos empresários, é genro do advogado Genaldo Bezerra Filho, que atua como diretor-geral da entidade. E foi o próprio juiz que determinou que Acioli e Carreras pagassem mais de R$ 800 mil para ressarcir os cofres públicos no processo de ocupação do espaço no Pátio de Eventos.
O magistrado também permitiu que os empresários parcelassem essa dívida, mas nunca aceitou o pedido do MPPE para suspender a venda de ingressos dos camarotes, alegando que haveria “prejuízo” ao São João e ao município. Isso não é macular a Justiça e, sim, de contar o caso como o caso foi, lembrando do livro do velho escritor Paulo Cavalcanti.
A tentativa de intimidação ao nosso site é apenas mais uma manobra que os poderosos usam para tentar calar a verdade dos fatos que, por aqui, é sempre incômoda. Estamos tranquilos em relação ao processo e temos certeza que a justiça vai repelir essa tentativa de censura. Também já mandamos ofícios ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco (Sinjope) e a Associação Pernambucana de Imprensa (AIP) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). É isso.
Veja partes do processo que a Festa Cheia deu entrada contra nosso Site:

Veja o que o advogado, Jório Valença, expõe no seu pedido. É uma clara tentativa de censura:

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Ingressos para o Camarote Exclusive foram vendidos antes da própria licitação