Da Redação do Blog — Arquivos de e-mails pertencentes a nove ajudantes de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente sob análise da CPI dos atos golpistas no Congresso Nacional, revelam detalhes intrigantes sobre um esquema de saques e pagamentos em dinheiro vivo. As pastas de e-mails excluídos revelaram uma série de recibos de depósitos em dinheiro em várias contas, proporcionando um vislumbre das práticas financeiras pouco convencionais adotadas durante o período. Embora o conteúdo dessas mensagens tenha sido entregue à CPI. A informação é do portal Metrópoles.
Além de oferecer insights sobre as despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que incluíam pagamentos a salões de beleza e manicures, os arquivos também destacam a frequente ocorrência de depósitos em múltiplas parcelas em intervalos de tempo reduzidos, efetuados para uma mesma conta. Um exemplo notável são os pagamentos mensais de R$ 2.840, que foram fracionados em depósitos na conta de Maria Helena Graces de Moraes Braga, tia da ex-primeira-dama e ex-colaboradora do gabinete de Bolsonaro durante seu mandato parlamentar.
Os registros dos e-mails revelaram um padrão peculiar de transações, como no caso de Maria Helena, que recebeu três depósitos em um intervalo de poucos minutos em um único dia. Tais ações se repetiram em outros meses, com variações no número de depósitos. Um exemplo similar é o caso de Adriano Alves Teperino, um ajudante de ordem que recebeu quatro depósitos de R$ 1 mil cada, todos efetuados em um espaço de quatro minutos.
A prática de realizar depósitos fracionados em valores relativamente pequenos é frequentemente empregada para dificultar a detecção por autoridades financeiras, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a fim de evitar suspeitas de atividades irregulares. Essa estratégia visa obscurecer o valor total das transações, tornando-as mais difíceis de rastrear.

Um elemento adicional que os e-mails expuseram é a existência de um depósito de R$ 3,7 mil para Edenilson Nogueira Garcia, ex-marido de uma figura conhecida como Wal do Açaí. Wal é suspeita de ter sido uma funcionária fantasma no gabinete de Bolsonaro durante seu tempo como deputado federal. O depósito foi feito em janeiro do ano passado, e a conta de Edenilson havia sido alvo de investigações do Ministério Público Federal (MPF) devido às atividades financeiras suspeitas da ex-mulher, que era uma servidora pública em Brasília, mas também atuava vendendo açaí em uma praia e sacava grande parte de seu salário.
Em relação a Michelle Bolsonaro, os e-mails revelam uma série de depósitos fragmentados em curtos intervalos de tempo. Por exemplo, em um único dia, ela recebeu um total de R$ 4,7 mil em cinco depósitos distintos, todos feitos em menos de 10 minutos.
Uma reportagem anterior do Metrópoles, divulgada em janeiro do ano passado, levantou a possibilidade de um sistema de “caixa dois” no Palácio do Planalto. A investigação destacou que havia uma estrutura operada por Mauro Cid, responsável por efetuar pagamentos, frequentemente em dinheiro vivo e de forma discreta, para cobrir despesas ligadas ao clã presidencial. Entre esses pagamentos, até mesmo faturas de cartões de crédito de conhecidos foram quitadas por meio desse sistema. Cid também era responsável por administrar recursos provenientes de cartões corporativos.









