Por Ricardo Novelino – Aos poucos, o quadro da sucessão municipal está sendo montado em Jaboatão dos Guararapes. Ungido por lideranças nacionais e locais do PT e do PSB, o ex-prefeito Elias Gomes (MDB) desponta como catalisador dos grupos de oposição ao prefeito Mano Medeiros, ligado aos irmãos Anderson e André Ferreira (PL). As primeiras pesquisas mostram que o ex-gestor da segunda maior cidade pernambucana tem todas as armas para voltar ao poder.
Nos últimos dias, as conversas avançaram muito bem entre Elias e gente graúda do PT. Dizem até já está “99% fechado” para ele assinar a ficha de filiação. Tudo com as “bênçãos” do presidente Lula, do senador Humberto Costa e do deputado federal Carlos Veras, todos petistas, e do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), que já foi do alto comando do PSDB, partido que já teve Elias Gomes como integrante.
É preciso explicar um pouco o quadro da sucessão na cidade. Nos últimos anos, Jaboatão “caiu no colo” da direita, quando o então prefeito Anderson Ferreira passou a defender o ex-presidente Bolsonaro.
Na campanha de 2022, quando foi derrotado por Raquel Lyra (PSDB) na disputa para o governo, os Ferreira ficaram “de braços dados” também com o ex-ministro do Turismo e defensor-raiz do Bolsonarismo Gilson Machado Neto.

Com experiência de quem tirou Jaboatão do sufoco, após as gestões de Newton Carneiro e Fernando Rodovalho, Elias aparece como um nome capaz de enfrentar os atuais donos do poder em Jaboatão.
Ex-prefeito entre 2009 e 2018, quando estava do PSDB, Gomes é, na opinião de petistas graduados, capaz de colocar Mano Medeiros (PL) e os bolsonaristas no passado.
Nas contas da cúpula petista, o contexto nacional é um fator muito importante na estruturação da chapa. Para quem entende do assunto, enquanto a gestão de Lula vem obtendo vitórias na reconstrução das pontes políticas, Bolsonaro está cada dia mais enrascado com o escândalo das joias e perdendo a capacidade de organizar o partido.
Sem poder se candidatar pelos próximos oito anos, por determinação da Justiça, o ex-presidente não teria forças também para liderar as eleições nos municípios. E isso seria fundamental em Jaboatão, já que Elias e o PT juntaria forças para derrotar Mano, os bolsonaristas e os irmãos Ferreira.
Outra opção levantada para o PT em Jaboatão seria o deputado João Paulo, ex-prefeito do Recife. É preciso lembrar que o ex-gestor da capital chegou a se aventurar em Olinda e não teve a quantidade de votos esperada.
Além disso, João Paulo e Elias mantêm boa relação política-administrativa, já que o o atual parlamentar teve bom espaço nas gestões de Elias na prefeitura de Jaboatão.
Essa costura “PT-Elias” também estaria sendo feita com as “mãos do PSB” de João Campos, candidato à reeleição no Recife.

O apoio dos dois partidos a candidato de Jaboatão não teria interferência no pleito da capital pernambucana. De fato, ficaria tudo “em casa”, com PT e PSB alinhados na disputa de uma importante prefeitura e na defesa do governo Lula.
É preciso contar também que, depois de seu segundo mandato, Elias Gomes escolheu um nome do PSB para a campanha de sua sucessão. Era o seu então vice-prefeito, Heraldo Selva.
Em 2022, Elias fez campanha para Danilo Cabral, hoje no PSB, mas que está com cara de quem já arrumou as malas para se filiar ao PT.
Além de tudo, os “laços estreitos” entre Elias Gomes e o PT podem ser bom para tidos os lados envolvidos. O partido ganharia um candidato extremamente competitivo e com reais chances de derrotar o bolsonarismo.
O ex-prefeito passaria a contar com o peso eleitoral que a legenda tem e pelos apoios essenciais, capazes de dar densidade a essa candidatura.
No currículo de Elias constam também três gestões na prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, cidade vizinha a Jaboatão. Ele também foi deputado estadual, administrador de Fernando de Noronha e secretário estadual de Justiça.









