Da Redação do Blog — O coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, optou por não dar declarações durante sua participação na CPI dos Atos Golpistas no dia 29 de agosto. Em sua declaração inicial, expressou sua consternação com os acontecimentos de 8 de janeiro e afirmou categoricamente que nunca apoiou tais atos. No entanto, posteriormente, ele se negou a responder às indagações dos membros do parlamento.
Até as 10h20 da manhã, o coronel Vieira não tinha respondido a nenhuma das perguntas feitas durante a sessão. Quando questionado, ele repetia sua intenção de “manter-se em silêncio”.
Aqui estão algumas das questões feitas durante a sessão que não obtiveram resposta por parte de Fábio Augusto Vieira:
Senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora
- Havia um “clima golpista” na Polícia Militar do DF, evidenciado pelo compartilhamento de áudios golpistas em grupos oficiais antes dos atos de 8 de janeiro?
- Como comandante, não tomou nenhuma atitude ao ver compartilhamento de material golpista em grupos da corporação?
- O comandante compartilhou mensagens golpistas após as eleições, sabendo que eram falsas, com a intenção de “acirrar os ânimos e provocar explicações”?
- O comandante mantém o pensamento de que os acampamentos na porta dos quartéis não tinham cunho golpista?
- O senhor não deu ordem, não estabeleceu metas para que os batalhões tomassem as medidas cabíveis para evitar o que a gente acompanhou no 8 de janeiro?
- O senhor afirmou à PF que o efetivo era 440 pessoas e foi confrontado pela coronel Cíntia, que disse ter sido planejado efetivo de 600 pessoas. Quantos militares foram designados para o dia 8 de janeiro?
- Vocês sequer providenciaram alimentação e água [para os policiais na Esplanada]. Esta é uma prática recorrente na PM?
- Como o senhor foi avisado do nível de depredação que estava acontecendo aqui?
Direito ao silêncio e sem juramento
Diferentemente dos depoentes anteriores, Fabio Augusto Vieira não foi submetido ao juramento de dizer a verdade à comissão.
Isso porque, nesta segunda (28), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin autorizou o ex-comandante da PM-DF a ficar em silêncio e a não ser submetido ao compromisso de dizer a verdade.
Diante da decisão de Zanin, o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), colocou o tema em discussão no plenário e questionou se, na prática, o ex-comandante da PM estava autorizado a mentir ou não.
Diversos parlamentares, entre eles os senadores Esperidião Amin (PP-SC) e Marcos Rogério (PL-RO), se manifestaram afirmando entenderem que Fábio Vieira poderia ficar em silêncio para não se autoincriminar, mas que não poderia mentir no depoimento.
Respeito às urnas
Durante sua declaração inicial na CPI, o ex-comandante da Polícia Militar mencionou que, após o desfecho das eleições do ano passado, convocou uma reunião com os membros da Polícia Militar e solicitou que eles demonstrassem respeito pelo resultado das urnas.
“Prontamente manifestei, em reuniões com a tropa, aquilo que acredito que é a base estrutural da Polícia Militar do Distrito Federal. Somos uma polícia de Estado, não de governo. E, por isso, deveríamos atuar para garantir o resultado, proclamado nas urnas, a ordem e, sobretudo, a democracia. Com transição pacífica até a posse presidencial”, declarou.
Em seu testemunho perante a CPI, o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que anteriormente enfrentou prisão sob suspeita de negligência, relatou que partiu para os Estados Unidos com uma sensação de tranquilidade, baseada na implementação de um plano de segurança para o evento ocorrido em 8 de janeiro. No entanto, ele indicou que esse protocolo não foi seguido, embora tenha evitado especificar quem tomou a decisão de não segui-lo.









