Por Ricardo Antunes — O prefeito de Água Preta Noé Magalhães (PSB), preso hoje em uma operação Policia Federal por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro, faz parte de um clã com grande histórico na política da Mata Sul de Pernambuco.
Ele é irmão do deputado federal Clodoaldo Magalhães (PV). O parlamentar foi eleito com quase cinco mil votos dados pelo prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSDB). Noé também tem forte ligação com o prefeito do Recife, João Campos (PSB).
Clodoaldo ocupou o cargo de Primeiro Secretário na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), fez carreira no PSB e chegou a ser cotado para ser vice de João, na disputa pela prefeitura do Recife.
Noé e Clodoaldo são filhos do ex-deputado estadual Eudo Magalhães, cassado em 2000.O político foi punido pelos colegas por causa de quebra de décor parlamentar. Na época, apontaram o envolvimento dele com tráfico de drogas e ações armadas.
Perfil
Nascido em Palmares, também na Mata Sul do Estado, Noelino Magalhães Oliveira Lyra, de 44 anos, foi eleito prefeito de Água Preta nas eleições de 2020 com 41,36% dos votos válidos, um total de 6.941 votos. A diferença para o segundo colocado, Antonio Marcos de Melo Fragoso Lima, o Tonhão (PROS), foi de apenas 75 votos.
Antes de assumir a prefeitura de Água Preta em 2021, Noé foi vice-prefeito da cidade de Xexéu, outra cidade localizada na Mata Sul, por dois mandatos. Ele também foi vereador de Palmares por dois mandatos, nos períodos entre 2004 e 2007 e 20012 e 2015.
O gestor também declarou diversas contas bancárias e aplicações, além de um quadriciclo de R$ 65 mil. Noé afirmou ainda ao TSE que tem 100% do capital social de uma empresa com capital social de R$ 300 mil.
A empresa, segundo consulta cadastral ao CNPJ é do ramo de factoring – seu nome é Arca Factoring, aberta há mais de 21 anos. Essa atividade consiste em aquisição de direitos creditórios, por um valor à vista e mediante taxas de juros e de serviços, de contas a receber a prazo.
Em 2021, o Ministério Público Eleitoral chegou a defender a realização de nova eleição direta para prefeito em Água Preta. Isso porque, expõe o órgão, houve abuso de poder econômico por parte de Noé Magalhães.
O requerimento acabou sendo negado pela 38ª Zona Eleitoral, justificando que várias dessas irregularidades já foram investigadas em outras ocasiões. A decisão argumentou que as condutas em questão não foram consideradas graves o bastante para resultar em uma condenação.