Da Redação do BLog – Nesta segunda-feira, a Caixa Econômica Federal anunciou a suspensão da exposição “O Grito” na Caixa Cultural, localizada em Brasília. A decisão foi motivada pela identificação de manifestações com viés político na obra, o que viola as diretrizes do programa de ocupação dos espaços culturais da Caixa. O fato foi revelado com exclusividade pelo Poder 360° e teria irritado até o presidente Lula que não gostou em nada da brincadeira, principalmente com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). Foi do Planalto a ordem para a chamada: “marcha á ré”.
A exposição, que estava disponível ao público desde a última terça-feira, 17 de outubro, apresentava uma imagem que retratava o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dentro de uma lata de lixo, envolto na bandeira do Brasil. A figura também incluía a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.
A obra, intitulada “Coleção Bandeira,” é de autoria da artista Marilia Scarabello e faz parte da programação cultural da Caixa, com patrocínio do banco estatal e do governo federal. A exposição consiste em uma colagem de várias imagens, incluindo uma em que Arthur Lira, Damares Alves e Paulo Guedes aparecem dentro de uma lata de lixo. Outra imagem retrata o que parece ser o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) agachado, sem calças, defecando sobre a bandeira do Brasil.
De acordo com a nota divulgada pela Caixa, a exposição “O Grito” havia sido selecionada no Programa de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural 2023/2024, um modelo em que projetos culturais são patrocinados para ocupar áreas do banco. O custo da “Coleção Bandeira,” financiado com recursos públicos, não foi divulgado.

É importante observar que desde julho, a presidência da Caixa Econômica Federal e suas principais diretorias têm sido objeto de negociações entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Arthur Lira. A presidência do banco foi oferecida pelo Palácio do Planalto ao Centrão quando esse grupo político passou a integrar o governo de Lula.
Arthur Lira desempenhou um papel fundamental na articulação do Centrão para aderir à base de apoio do governo em setembro, e a indicação de Carlos Antônio Fernandes Vieira como possível presidente da Caixa foi entregue a Lula em setembro. No entanto, o anúncio da troca na liderança do banco foi adiado para cumprir requisitos de conformidade do banco.
A exposição “O Grito” permaneceu em espera de uma decisão de Lula, e uma entrevista dada por Arthur Lira à imprensa em setembro, na qual ele afirmou que as indicações políticas para cargos na Caixa passariam por seu aval, atrasou as negociações.
Recentemente, aliados de Arthur Lira apresentaram um novo nome para comandar a Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira Fernandes, ex-diretor da Funcef, o fundo de pensão do banco, de 2016 a 2019. No entanto, devido ao período de convalescença de Lula após procedimentos cirúrgicos, o nome de Fernandes ainda não foi discutido pelos ministros do Palácio do Planalto.