Por Ricardo Antunes
Eventuais pesquisas manipuladas não prejudicam somente o eleitor ou o candidato que é vítima de uma jogada política, principalmente nesses tempos em que a velocidade da comunicação é em tempo real. Elas também prejudicam a democracia. Minam a credibilidade de um instrumento útil ao eleitor. Os institutos não são infalíveis. Podem errar. O que não podem é agir de má-fé.
Os jornais que contrataram os instittudos, por óbvio, não podem falar, mas o fato é apenas um: Institutos de pesquisas terão que ser revistos, auditados e, se possível, impedidos de divulgarem pesquisas na última semana antes do pleito.
O alto índice de erros não só desmoralizou essa ferramenta, como mostrou o quanto ela, nocivamente, pode influenciar a vontade do eleitor.
Nem vou perder tempo aqui com o óbvio: Pesquisas do Ibope e do Datafolha passaram longe e erraram feio depois que foram abertas as urnas no Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo apenas para ficarmos nos grandes centros.
Em Pernambuco, não foi diferente e podemos dizer que elas interferiram no desejo de mudança do eleitor.
Na última semana, um instituto de pesquisa ligado historicamente ao senador eleito Jarbas Vasconcelos, apontava o ex-governador com 41% das inteções de votos, Humberto Costa com 35% e Mendonça Filho com apenas 25%.
Era pulha.
Pior: Publicado em manchete na Folha de Pernambuco, o mesmo instituto “jurava” que os dois primeiros haviam crescido na reta final em 4%, quando, na pesquisa do Ibope, era Mendonça que havia crescido cerca de 7% na reta final.
Quando as urnas foram abertas elas provaram que a pesquisa era “fake”.
Mendonça perderia a vaga para Jarbas por menos de 2% (21,51% contra 18,58%), e estava a apenas 6% atrás de Humberto, que conquistou o primeiro lugar com 25,76%.
Bruno Araújo, que tinha apenas 8% das inteções de votos, e estava atrás de Silvio Costa com 12%, acabou com quase 14% (13,91%), a apenas 7% de Jarbas Vasconcelos.
No Datafolha não foi diferente. Há 24 horas da eleição, o instituto apontava Humberto com 36% dos votos válidos, Jarbas com 36%, e Mendonça com apenas 25%.
Outro erro injustificável que, espalhado rapidamente pelas redes sociais e WhatsApp pelos beneficiados foi decisivo para o resultado..
Se as pesquisas e jornais que as publicam apontassem a possibilidade do segundo turno com maior destaque, o resultado seria o mesmo?
Com tudo que se viu e ouviu a pergunta que deve ser colocada na pauta do Congresso é apenas uma:
É correto continuar a divulgar pesquisas que não representam, ou não têm competência para captar o real sentimento do eleitor a poucos dias da eleição?
O bom senso aponta a discussão de um novo caminho.






