A tensão que se desenhava antes da abertura dos negócios se concretizou logo nos minutos iniciais nos mercados de câmbio e de juros nesta segunda-feira. O dólar tem ganhos expressivos contra o real, ao mesmo tempo em que as taxas futuras de juros exibem saltos expressivos ante os ajustes de sexta-feira. Os investidores digerem, ainda, comentários do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra. Ao mesmo tempo, os agentes absorvem a estratégia do BC de leiloar US$ 3 bilhões no mercado à vista, bem mais do que os US$ 1 bilhão anunciados na noite de sexta-feira.
Por volta de 9h35, o dólar à vista era negociado a R$ 4,7580 (+2,87%), após ter atingido R$ 4,7921 na máxima do dia. A perda de fôlego do dólar veio depois do leilão do BC, que vendeu o lote integral de US$ 3 bilhões no mercado à vista. Com os preços do petróleo em queda livre, o dólar exibe alta ainda mais expressiva contra outras moedas de mercados emergentes e subia 6,33% ante o peso mexicano e avançava 8,62% em relação ao rublo russo.
No mercado de juros, as taxas futuras abriram em alta expressiva e a do DI para janeiro de 2025 chegou a tocar o limite diário de oscilação, a 6,75%. No horário anterior, a taxa do DI para janeiro de 2021 subia de 3,84% no ajuste anterior para 3,99%; a do DI para janeiro de 2022 avançava de 4,40% para 4,59%; a do DI para janeiro de 2023 saltava de 5,08% para 5,28%; e a do DI para janeiro de 2025 passava de 6,04% para 6,28%.
Nesta manhã, Bruno Serra afirmou que as intervenções no câmbio têm sido pontuais, respondendo a eventos e disfuncionalidades específicas. Entretanto, o diretor do BC ressaltou que elas “podem durar o tempo que for necessário para o retorno do regular funcionamento do mercado de capitais”.
É importante destacar que as taxas futuras de curto prazo desaceleram a alta em relação ao início dos negócios, quando a taxa do DI para janeiro de 2021 chegou a 4,14%. Nesta manhã, o Boletim Focus mostrou que a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano caiu de 2,17% para 1,99%. Ao mesmo tempo, a expectativa mediana para a Selic no fim deste ano se manteve em 4,25%, mesmo após a divulgação de um comunicado pelo Banco Central na semana passada, indicando possíveis novos cortes nos juros neste ano. Entre os Top 5 de médio prazo, porém, a mediana das projeções para a Selic no fim deste ano caiu de 4,25% para 3,5%.


